Empenhado em levar o PMDB a apoiar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o senador José Sarney (PMDB-AP) defendeu hoje a convocação de uma convenção nacional do PMDB para definir a posição do partido. Ele reafirmou também sua disposição de concorrer à presidência do Senado no próximo ano e que, se necessário, disputará a indicação na bancada do partido.

“Aceitarei todas as regras do jogo”, revelou Sarney. Em conversa de 40 minutos com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), Sarney deixou claro que, antes da sucessão ao comando do Senado, o PMDB precisa definir sua relação com o novo governo.

“Se o PMDB está dividido e mais da metade votou em Lula  temos que ouvir a convenção nacional, que é o órgão soberano, para tomar uma decisão”, afirmou Sarney, depois do enccontro. “O país atravessa um momento excepcional na sua história política e não podíamos pensar que a vitória de Lula, como se processou, não tenha conseqüências. Só há um orgão que determinará o rumo do partido, que é a convenção”, completou, defendendo a posição segundo a qual o presidente do Senado precisará estar em sintonia com Lula.

Ele revelou estar seduzido com a idéia de disputar a presidência do Senado e participar de um governo, ajudando a viabilizar projetos importantes como a reforma política e o pacto social. “Por isso me disponho a candidatar. Acho que o Senado não pode ser ocupado por uma pessoa deliberadamente contrária ao governo”, enfatizou Sarney ao sair da conversa com Michel Temer, não citando o nome do líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), seu principal adversário na disputa pela presidência do Senado.

Ao contrário de Sarney, Calheiros foi um dos principais articuladores da coligação entre PMDB e PSDB que apoiou o candidato José Serra na corrida presidencial. “Todos têm que apoiar Lula, que terá muitas dificuldades. Temos então que apoiá-lo para vencer essas dificuldades”, observou, insistindo que a convenção nacional do é o foro mais representativo do partido.

Ele evitou especular, porém, se estaria disposto a arregimentar um terço dos convencionais para forçar a convocação da convenção, caso a Executiva Nacional não aceite a proposta feita hoje por Michel Temer. “Uma decisão da Executiva evitaria que grupos do partido tomassem a iniciativa e evidenciaria uma divisão profunda”, afirmou.

Apesar da proposta de Sarney, o deputado Michel Temer deixou o gabinete do ex-presidente da República, no Senado, com a missão de consultar seus aliados para examinar a idéia. Ele admitiu a possibildiade de vir a convocar o Conselho Político, integrado por cerca de 80 pessoas. “O senador Sarney reafirmou sua decisão de disputar a presidência do Senado e defendeu o apoio do PMDB ao governo Lula”, afirmou Temer, ao deixar o gabinete de Sarney que, segundo disse, teria salientado o interesse em preservar a unidade partidária, apesar da disputa interna pelos principais cargos no Congresso.

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