Sarney fala em reeleger Lula e renovar aliança

Treze anos depois de deixar a Presidência da República, o senador José Sarney (PMDB-AP) faz planos para o futuro. Prega uma duradoura aliança com o PT, que inclui não só a participação no primeiro escalão, mas a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Aos 73 anos, 50 de carreira política, Sarney foi o principal aliado do governo no Congresso. Sua influência sobre o governo é comparada ao papel que Ulysses Guimarães exercia quando Sarney era o inquilino do Palácio do Planalto. Ele diz que não gosta de mandar, mas não rejeita a comparação. Elogia a administração petista e afirma que a chegada de Lula ao poder tem o significado de uma revolução pacífica.

Segundo ele, a aliança entre PMDB e PT vai além da reeleição do presidente Lula. ?A aliança do PMDB com o PT, a nosso ver, é importante para a estabilidade do país. Com o PT e o PMDB teremos uma força política sólida, capaz de trabalhar numa aliança estratégica, em programas, em decisões, e pensarmos juntos o Brasil do presente e do futuro. Queremos não apenas ser da base do governo ou participar de cargos. Queremos ser participantes das decisões. O PMDB sempre foi o partido das causas sociais. Nosso programa é todo ele um manifesto de compromisso com essas causas, e essa é a mesma visão do PT?, disse.

Segundo o presidente do Senado, o PMDB fez algo inédito, uma aliança política sem exigir vaga no Ministério. ?Esse foi um exemplo que demos durante o ano todo, com muita dedicação e lealdade. Evidentemente que o desdobramento dessa aliança importa uma participação do PMDB no governo. Acho que mais que ministérios importantes, devemos ter importância para participar das decisões do governo?, comentou.

?Necessidade?

Sarney considera que a reeleição de Lula é uma necessidade. ?Não vejo nenhum líder se formando para enfrentar o presidente Lula e tudo o que sua biografia representa. Vamos reconhecer: ele está fazendo um bom governo?, comentou o senador, reafirmando a importância da aliança com o PMDB. ?Para o país, essa aliança é muito boa. Podemos ter um grande período de estabilidade política.?

O presidente do Senado afirmou, porém, que não gostaria de dar uma nota para o governo. ?Jamais gostei de dar notas. Prefiro as pesquisas. O governo é bom, com viés para melhor?, disse, minimizando o problema do crescimento do desemprego no país. ?Esse é o mais grave de todos os problemas. O emprego não depende diretamente de uma vontade política. Há o desemprego estrutural, o desemprego conjuntural e temos de lutar conta todos eles. O governo está consciente disso. Mas é um problema que está embutido no problema do desenvolvimento econômico. Sem crescimento não se resolve o problema do desemprego e o problema social. E o país está estagnado?, comentou.

Ele considera que a ação social do governo Lula é boa. ?É outra mudança fundamental. Há prioridade para a visão social. O PT, que era um partido socialista, teve o problema de chegar ao governo quando o socialismo já tinha acabado. Hoje, quem é socialista é quem tem uma visão social, quem vê a sociedade não apenas do ponto de vista dos resultados econômicos, mas também da redistribuição de renda, da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Esse é o compromisso maior que o PT tem. A economia é um instrumento para esse objetivo. Estamos vendo que os programas sociais estão sendo restaurados numa visão sistemática, não eleitoreira. E isso não se faz do dia para a noite, é difícil. Da concepção até a ponta da linha, é um caminho difícil?, disse Sarney.

Para ele, a chegada do PT foi um avanço. ?A vitória do PT propicia a troca de poder, que o partido tenha uma visão do que é o governo, e de que o antigo governo tenha uma visão do que é oposição. A vitória do PT mostra que todos os segmentos da sociedade brasileira conseguiram chegar ao governo. Ninguém mais pode dizer neste país que não teve chance de decisão?, disse.

Ainda, segundo Sarney, é equivocado dizer que as eleições serão um julgamento do governo. ?Não devemos federalizar as eleições municipais. Todos saem perdendo?, disse, completando: ?Os assuntos locais são tão legítimos que puxam a eleição. É um momento no painel da construção do sistema democrático de a comunidade discutir os problema do dia-a-dia?, afirmou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo