José Sarney (PMDB-AP) e Marco Maciel (PFL-PE) serão os dois nomes mais importantes do Senado que toma posse em fevereiro. Se o novo presidente da República for Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, ele trabalhará para fazer do aliado Sarney o presidente do Senado.
No caso de vitória do tucano José Serra, o presidente do Senado deverá ser Marco Maciel, que desde o início da campanha ficou do lado do tucano. O Senado tem importância fundamental para a governabilidade. É lá que são aprovados os acordos bilaterais, empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e os nomes dos novos integrantes dos tribunais superiores, dos embaixadores, dos dirigentes das agências reguladoras e a rolagem de dívidas dos Estados.
Como o PFL e o PMDB terão bancadas iguais, com 19 senadores cada um, qualquer um dos partidos poderá reivindicar o direito de eleger o presidente (a tradição na Casa é de dar o cargo principal para o maior partido). Num governo Lula, Sarney torna-se fundamental, porque é um senador que, embora do PMDB, tem influência numa boa parte do PFL, como a filha Roseana Sarney e a bancada do senador eleito Antonio Carlos Magalhães, que contará ainda com Cesar Borges e Rodolpho Tourinho.
Este último assumirá a vaga do senador Paulo Souto, eleito governador da Bahia na eleição de ontem (06). Na disputa pela presidência do Senado o cenário é mais favorável a Lula que, com Sarney, poderia ter a ajuda de muitos senadores do PFL. Num governo de José Serra, as negociações para a presidência da Casa terão de passar por Marco Maciel, que certamente enfrentará resistências de Roseana e do grupo de Antonio Carlos. No caso de Maciel vencer estes obstáculos, a presidência da Casa seria entregue para o atual vice-presidente, hábil negociador, que teria condição de conquistar boa parte do PMDB.
Terminada a apuração dos votos para senador, verifica-se que o PT terá a terceira maior bancada e desbancará o PSDB. O partido sai dos atuais oito senadores e passa para 14. O PSDB, que tinha 14, cai para 11. Na última hora elegeu Leonel Pavan em Santa Catarina, deixando para trás Hugo Biehl, do PPB, e Paulo Bornhausen, filho do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen (SC). O novo Senado terá ainda cinco senadores do PDT quatro do PSB, três do PTB, três do PL, um do PPB, um do PPS e um do PSD.
No caso de um governo de Lula, a coligação PT/PL terá 17 senadores. Se aliar-se com os cinco do PDT, com os três do PSB e com o PPS, terá 26 senadores, menos de um terço. Terá de buscar apoio em outros partidos, como o PMDB e o PSDB, caso contrário poderá encontrar dificuldades para aprovar projetos importantes. Um governo de Serra teria maiores facilidades , porque só o PSDB e o PMDB, da chapa de Serra, contarão com 30 senadores. Juntando-se aos 19 do PFL, ficará com 49, número suficiente para aprovar qualquer emenda constitucional, desde que não tenha nenhuma dissidência.