Brasília – O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), disse, ontem, que apóia totalmente a proposta de filiação do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, ao PMDB. O convite para a entrada no partido foi cobrado anteontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na reunião com a bancada governista da legenda.
Sarney, no entanto, disse que não sabe em que termos o líder da sigla no Senado, Renan Calheiros (AL), teria convidado Ciro para entrar na agremiação. O presidente do Congresso disse apenas que ele foi bastante elogiado por Lula, no encontro de anteontem à tarde. "Com as virtudes que ele (Ciro) tem, qualquer partido se sentiria honrado com a sua presença", disse Sarney, que o inclui entre os homens públicos com futuro "que estão na política desempenhando um grande papel".
Sarney contou também que o presidente manteve a promesa de prestigiar o PMDB, mas não adiantou as mudanças que fará no ministério. A ida de Ciro para o PMDB facilitaria a reforma ministerial, já que o PMDB espera ganhar um ministério forte e a pasta de Ciro se enquadra nesse perfil.
Na avaliação dele, a reunião de anteontem com o presidente foi muito boa porque deixou clara a data certa da reforma ministerial – depois do dia 14, data da eleição para presidente da Câmara e do Senado -, além de reforçar a intenção de Lula de prestigiar o PMDB. Sarney disse acreditar que ele tem um esboço da reforma na cabeça, mas que, na conversa de ontem, não foram discutidos nomes. O presidente do Congresso também negou que o Senado, a exemplo do que fez a Câmara, aumentará a verba de representação para os parlamentares. Segundo Sarney, se isso acontecer, não será na gestão dele, que terminará daqui a 25 dias. Para Sarney, o Brasil está "marchando tão bem" que a demora em definir a reforma ministerial não afeta a política econômica.
Reforma
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou ontem, em São Paulo, que "quem decide sobre a reforma ministerial é o presidente Lula". Dirceu confirmou que o quadro ministerial não sofrerá nenhuma mudança antes da eleição das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado, em fevereiro. "Pelo que li nos jornais, o presidente Lula decidirá a reforma em fevereiro, depois da eleição das Mesas Diretoras", disse, após encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Sobre se a possível mudança do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, do PPS para o PMDB poderia facilitar a execução da reforma, o chefe da Casa Civil respondeu com outra pergunta, ironicamente: "O Ciro vai para o PMDB?". Ao ouvir como resposta que a informação do deslocamento do ministro da Integração Nacional partira do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), Dirceu rebateu: "Então, só o Renan pode falar sobre isso".
O chefe da Casa Civil também ironizou o fato de a ida dele a Davos, na Suíça, pela primeira vez, para participar do Fórum Econômico Mundial e reunir-se com empresários significaria a reabilitação política, após a crise deflagrada com o episódio do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares do ministério Waldomiro Diniz. "Não sabia que eu tinha caído em desgraça", disse.