Brasília – O resultado da quebra do sigilo telefônico do empresário Marcos Valério e dos dirigentes do PT, feita pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, revelou que em pelo menos 27 ocasiões os saques em dinheiro acima de R$ 100 mil feitos nas contas das agências SMP&B e DNA Propaganda coincidiram com ligações feitas da primeira empresa para as sedes do partido em São Paulo e Brasília ou com telefonemas para o ex-tesoureiro Delúbio Soares e para o ex-secretário-geral do partido Sílvio Pereira.
Da agência do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, responsável pelos pagamentos a políticos da base aliada, foram feitos pelo menos 114 telefonemas para os dois dirigentes petistas e para os escritórios do partido nas duas cidades. No total foram 103 saques em dinheiro, totalizando quase R$ 22 milhões. No dia 18 de maio de 2005, por exemplo, foi feito um saque de R$ 246 mil da conta da SMP&B no Banco Rural.
Naquela quarta-feira, foram feitas três ligações para a sede do PT, em Brasília. O primeiro telefonema durou sete minutos e 37 segundos; os outros dois, pouco mais de um minuto. Para os integrantes da CPMI, a coincidência comprova a relação entre os pagamentos e os ex-dirigentes petistas. Outro exemplo é o da retirada de R$ 100 mil feita no dia 13 de setembro de 2004, quando Delúbio recebeu duas ligações da SMP&B.
Nos extratos telefônicos referentes à agência de Valério, aparecem cerca de 60 telefonemas entre agosto de 2000 e março de 2004 para números registrados como da Presidência da República. Integrantes da CPMI acreditam que os números são da Secretaria de Comunicação (Secom), órgão responsável pela publicidade do governo, ligado ao Palácio do Planalto.
