São Paulo lidera a lista de Estados com maior número de obras de arte e peças históricas nas mãos de criminosos. Segundo levantamento feito pela reportagem com base nos dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Ministério da Cultura, há 1.547 bens culturais procurados pela polícia em todo o País, sendo que 39% deles (611) desapareceram em São Paulo. Não entram na conta os dois quadros de Cândido Portinari, um de Tarsila do Amaral e outro de Orlando Teruz roubados anteontem de uma casa na zona sul da capital.
Historicamente, o Rio sempre foi o campeão nacional de roubos de bens culturais. Porém, só no ano passado, entraram para contagem oficial do Iphan as cédulas e moedas raras furtadas em agosto de 2007 de uma sala fechada do Museu do Ipiranga, na zona sul. A inclusão tardia dos cerca de 900 artigos do patrimônio avaliados em R$ 567 mil (divididos em 595 itens no banco de dados do instituto) rendeu ao Estado o título de líder na categoria. Com isso, os fluminenses foram para a vice-liderança, com 545 peças procuradas.
O tráfico de bens culturais registrado pelo Iphan mapeia somente as peças levadas de museus e igrejas tombados pela União e galerias. Por isso, fica de fora das estatísticas oficiais o crime de domingo, quando foram levadas as telas Cangaceiro, Retrato de Maria (ambas de Portinari), Figura em Azul (Tarsila) e Crucificação de Jesus (Teruz). Juntas, têm valor estimado em R$ 3,5 milhões.
Ainda que sejam peças particulares, o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) – recém-criado pelo governo federal -, José do Nascimento Júnior, avalia que o assalto evidencia os motivos de São Paulo ser vitrine para este tipo de crime. “Os últimos assaltos em museus (como o do Masp em 2007 e da Pinacoteca em 2008, ambos na capital) fizeram com que as entidades investissem mais em segurança, o que fez os criminosos escolherem outros caminhos, como os acervos particulares”, afirma Nascimento. “Nesse sentido, São Paulo merece atenção especial, já que concentra um grande número de colecionadores.”