No dia seguinte à tragédia que matou 231 pessoas em uma boate de Santa Maria, a cidade da região central do Rio Grande do Sul mantinha um clima de tristeza, consternação e luto. Diversas lojas permaneceram fechadas nesta segunda-feira. Outras abriram, mas exibiram algum sinal de pesar, como faixas pretas em suas vitrinas. Os clubes avisaram que não promoverão bailes de carnaval neste ano.
“O movimento está diferente, há menos gente nas ruas”, observou o motorista de táxi Odair Menezes. Diante dos escombros da casa noturna Kiss, anônimos deixaram alguns buquês de flores e até uma foto de Adolf Hitler. “Nós, que ficamos, temos de levar a vida adiante, mas está difícil segurar a tristeza”, comentou a estudante Maria Barros, cercada por três colegas silenciosas na avenida Presidente Vargas.
No final da tarde, uma celebração multirreligiosa em memória das vítimas reuniu centenas de pessoas na praça Saldanha Marinho, na região central da cidade. Um homem que não quis se identificar e não perdeu conhecidos na tragédia disse que estava lá para rezar pelas vítimas. “Temos todos que fazer alguma coisa, nem que seja uma oração”, afirmou.
A estudante Mariana Oliveira, com olhar entristecido pela perda de um primo, observou clima de consternação. “Na madrugada de domingo fui acordada pelo barulho interminável da sirene das ambulâncias”, recordou. Depois tudo foi ficando um absoluto silêncio, que perdura até agora”, descreveu, já na metade da manhã, em uma rua central, onde as pessoas passavam cabisbaixas e quietas, com jornais sob os braços, cena também pouco comum nas ruas da cidade.