As 27 pessoas que morreram na terça à noite na BR-282, em Santa Catarina, engrossam uma triste estatística, que teima em não cair mesmo após dez anos da implantação do Código de Trânsito Brasileiro. Santa Catarina é o segundo Estado que mais mata pessoas em estradas federais e estaduais no País – ano passado, 1.183 perderam a vida, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e das Polícias Rodoviárias. Número apenas menor do que Minas Gerais, o campeão em tragédias nas estradas, com 2.335. Se for levado em conta os 1,3 milhão de quilômetros de rodovias, o Brasil mata em média 40 pessoas por dia em acidentes.
O cálculo do Ipea une o total de mortes em rodovias federais e a estimativa de mortes nas estaduais no ano passado. A cada 1.000 acidentes nas estradas federais, 772 pessoas ficam feridas, 58 morrem na hora e 37 morrem no hospital. O prejuízo causado aos cofres públicos é de R$ 22 bilhões ao ano – estão incluídos gastos com saúde e resgate, a reabilitação, os danos aos veículos, a perda da carga do caminhão, a remoção do veículo e o translado da carga e até a perda de produção da pessoa que fica sem trabalhar. Uma vítima fatal chega a custar R$ 281.216 para o governo.
Relatório divulgado em 2004 pela Organização Mundial de Saúde alertava para o aumento de acidentes em rodovias. A projeção é de que, se nada for feito, as mortes e seqüelas causadas por acidentes de trânsito ocuparão a terceira posição no ranking mundial – hoje é a nona. O índice de mortes por 1 mil quilômetros em rodovias é de 10 na Itália, 6,56 nos Estados Unidos e de até 3,3 no Canadá. No Brasil é de 106,79.