Sanquessugas e não reeleitos absolveram José Janene

Foto: Luiz Alves/Agência Câmara
Faltaram 47 votos para a cassação, curiosamente o mesmo número de deputados que registraram presença em plenário, mas não votaram.

(Congresso em Foco) – Último dos mensaleiros a ser julgado pela Câmara, o deputado José Janene (PP-PR) deve sua absolvição, sobretudo, aos deputados que não se reelegeram e aos acusados de envolvimento com os sanguessugas. Dos 146 parlamentares que não votaram o pedido de cassação do ex-líder do PP, 90 (61%) não retornarão à Casa no ano que vem. Entre eles, estão 27 dos 69 deputados denunciados pela CPMI dos Sanguessugas.  

Acusado de ter recebido R$ 4,2 milhões do chamado valerioduto, o ex-líder do PP tornou-se, na última quarta-feira (6), o 12.º envolvido no escândalo do mensalão a ser absolvido pelo plenário. Faltaram 47 votos para a cassação do mandato. Curiosamente, é o mesmo número de deputados que, apesar de terem registrado presença na sessão, não compareceram para votar. Entre os presentes que não votaram, 26 não se reelegeram, inclusive sete que respondem a processo de cassação no Conselho de Ética por envolvimento com os sanguessugas.

Mas não foram apenas os representantes do chamado baixo clero que, mesmo presentes, deixaram de comparecer à urna. Também aparecem nessa lista figuras influentes, como o vice-presidente da CPMI dos Sanguessugas, Raul Jungmann (MD-PE), o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini (SP), o governador eleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o pré-candidato do PMDB à presidência da Casa Geddel Vieira Lima (BA).

O Congresso em Foco não conseguiu localizar, até o fechamento desta edição, os parlamentares que, apesar de terem registrado presença, não votaram o pedido de cassação. A lista dos votantes, que permitiu o cruzamento das informações, só foi divulgada pela Câmara no início da noite de anteontem.

Partidos em falta

Em números absolutos, os peemedebistas foram os mais omissos na votação, seguidos pelos petistas e pelos pefelistas, donos das maiores bancadas na Casa. Dos 63 representantes do PMDB no plenário, 11 deixaram de votar. Dos 77 membros do PT que haviam registrado presença, sete não participaram do julgamento. No PFL, dos 48 integrantes da bancada, cinco não se deslocaram até o local de votação. Deputados do PV, PTB, PSDB, PSB, PPS, PP, PL e PDT também deixaram de votar mesmo estando presentes na Câmara.

Na relação dos partidos que registram o maior número de faltas na última das três sessões realizadas pela Câmara na quarta-feira, o PMDB, com 16, e o PFL, com 15, foram os principais responsáveis pelo baixo quorum. Entre as bancadas com maior número de representantes, nenhuma superou, proporcionalmente, em ausências, o Partido da República (PR), partido nascido da fusão do PL com o Prona. Dos 37 representantes do partido na Casa (35 originários do PL e dois do Prona), dez faltaram à sessão e outros quatro deixaram de votar, mesmo tendo registrado presença. Desses 14 deputados, apenas um se reelegeu: Enéas (SP). E oito são acusados de terem recebido dinheiro da máfia das ambulâncias.

O baixo quorum foi determinante para a absolvição de José Janene. Dos 513 membros da Câmara, 29% não compareceram à sessão de julgamento da cassação do deputado. Para a aprovação do relatório do Conselho de Ética, era necessária a maioria absoluta do total de votos da Câmara (257), mas apenas 210 votaram a favor do texto. Dos 366 votantes, 128 se manifestaram contrários ao parecer, 23 se abstiveram e cinco votaram em branco. A votação é secreta.

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