Foto: Moreira Mariz/Agência Senado |
Ney Suassuna planeja gastar R$ 5 milhões na campanha. |
Dos 72 parlamentares que a CPMI mandou para o banco dos réus, sob a suspeita de integrarem a máfia das ambulâncias superfaturadas, cerca de 60 almejam se manter ao abrigo do foro especial para dificultar as investigações de natureza criminal e eventuais punições judiciais. Para isso, pretendem gastar muito – conforme suas próprias declarações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em média, cada um vai desembolsar quantia entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões. Alguns estão abaixo dessa quantia, outros extrapolam em muito esse teto. É o caso do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que estima em R$ 5 milhões sua campanha à reeleição pela chapa Paraíba de Futuro, coligação que inclui PT, PSB, PRB e PC do B. O deputado João Caldas (PL-AL) é um pouco mais modesto – informou à Justiça que planeja investir R$ 2 milhões para garantir sua cadeira na Câmara por mais 4 anos.
A CPMI dos Sanguessugas apontou indícios contra Suassuna e Caldas e decidiu submetê-los aos conselhos de ética do Congresso. Suassuna porque um ex-assessor dele foi contemplado com depósitos da máfia que caíam na conta de um laranja. Caldas porque ele próprio foi interceptado pela escuta da Polícia Federal chamando de ?meu amigo? Darci Vedoin, um dos empresários do esquema.
O ex-presidente do PT no Ceará, José Airton Cirilo, estimou perante o TSE gasto máximo de R$ 1,2 milhão na busca de votos. Integrante do Diretório Nacional do partido, ele não foi enquadrado como sanguessuga porque não é deputado, mas para a CPMI seu grau de envolvimento é comprometedor. Ele teria feito lobby para os empresários da Planam no Ministério da Saúde. Cirilo afirma que as acusações que pesam contra ele ?são fantasia?.
O petista também teria indicado o caminho para os mafiosos ingressarem nos domínios do governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam, disse que foi recebido pelo menos 3 vezes pelo governador para discutirem os detalhes de uma licitação dirigida para aquisição de R$ 12,5 milhões em unidades móveis de saúde. Dias nega ter feito negócios com Vedoin. Ele calcula que vai gastar R$ 6, 5 milhões na jornada pela reeleição, dos quais R$ 4,5 milhões no primeiro turno e R$ 2 milhões se tiver que enfrentar segundo turno.
Sanguessugas que não admitem perder a imunidade, muito menos privilégios e o poder que o mandato parlamentar lhes confere, vão torrar aproximadamente R$ 130 milhões na campanha eleitoral em busca da reeleição e da permanência no Congresso.
Senadores terão 3 dias para a defesa
Brasília (AE) – Os processos
por falta de decoro parlamentar que poderão levar à cassação dos
mandatos de três senadores acusados de envolvimento com a máfia das
ambulâncias deverão ser abertos na próxima semana. A informação é do
presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto (PMDB-MA), ao
afirmar que dará apenas três dias úteis para os senadores Ney Suassuna
(PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT)
apresentarem suas defesas por escrito.
Hoje, o presidente da
CPMI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), entrega
ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
relatório parcial da comissão de inquérito que recomenda a abertura de
processo contra 69 deputados, além dos três senadores, por envolvimento
com a máfia das ambulâncias.
O relatório, que foi aprovado na
semana passada pela CPMI, será enviado ao Conselho de Ética do Senado e
à Corregedoria da Câmara para a abertura de processo contra os 72
parlamentares. ?Existe um ânimo grande no Senado para fazer esses
julgamentos antes das eleições de outubro?, disse o senador João
Alberto. ?O processo pode andar muito rápido?, completou.