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Salgueiro e negritude, sinônimos na Sapucaí

Sempre uma potência na avenida, a escola de samba Salgueiro tingiu a Marquês de Sapucaí de vermelho num desfile emocionante e coeso, fortemente marcado por sua ligação com a herança africana na cultura brasileira, na madrugada desta terça-feira, 13.

A escola saudou as “senhoras do ventre do mundo”, divindades que, segundo as crenças apresentadas, são matriarcas negras que deram origem a toda a humanidade. Passou embalada por um samba que pegou como poucos na avenida, e dificilmente estará fora do Sábado das Campeãs, quando voltam à Sapucaí as seis melhores, na opinião dos jurados.

O carnavalesco Alex de Souza fez bom uso do vermelho e branco salgueirenses, a começar pelo abre-alas, um Éden africano inteiramente rubro e povoado por gestantes negras, e as baianas, representando as “Ya vermelhas”, mães fecundas de milhões de anos atrás.

O carro estava avariado: as esculturas mais altas, de girafas, quase foram decapitadas pelo viaduto que fica na área de concentração, na Avenida Presidente Vargas, e precisaram ser remendadas.

O desfile teve ainda muito dourado e esculturas africanas. As deusas Ísis, Neith, Hator e Osíris vieram representadas em alas muito animadas, que cantaram com empolgação o samba, cuja letra definiu: “Salgueiro é sinônimo de negritude”.

A bateria, com componentes vestidos de faraós, gerou controvérsia nas redes sociais. Os integrantes usaram malhas negras sobre os braços e pintaram os rostos de preto, o que foi considerado ofensivo por internautas.

O chamado “black face” vem sendo debatido no carnaval por conta de fantasias de “nega maluca” usadas nos blocos de rua e tachado de racista por ser uma representação caricata e depreciativa da mulher negra.

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