O Conselho Consultivo do Salão de Humor afirmou hoje, em nota divulgada no fim da manhã, que com a morte de Glauco Villas Boas o “Brasil e o mundo perdem um de seus maiores cartunistas”, e questiona autoridades a respeito da violência urbana. Ele e seu filho, Raoni, morreram após serem baleados em Osasco, cidade da Grande São Paulo. “Senhores governantes, até quando? Quantas vidas ainda faltam para que seja colocado um basta na violência?”, diz o texto.
De acordo com a polícia, o suspeito do crime é um estudante universitário de 24 anos, conhecido da família, que frequentava a Igreja Céu de Maria, fundada por Glauco e inspirada nos cultos do Santo Daime. No fim da noite de ontem, ele teria ido ao encontro de Glauco e Raoni. Levava uma pistola 765. Houve uma discussão e o rapaz disse que iria se matar. Pai e filho tentaram demovê-lo da ideia, quando acabaram mortos. Depois de assassinar Glauco e Raoni, o rapaz fugiu em um carro. A corporação ainda não localizou o jovem.
“A violência em São Paulo, mais uma vez, mata e empobrece a cultura brasileira. Aos 53 anos, no auge de sua produção artística, morre assassinado por assaltantes em sua casa o cartunista paranaense Glauco Villas Boas.” De acordo com o comunicado, foi na 4ª edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em 1977, que o cartunista ganhou projeção, ao conquistar um dos prêmios.
“Com seu imenso talento, criatividade, estilo único e, em especial, humor inteligente baseado no comportamento da nossa sociedade, que Glauco saltou, ainda no mesmo ano, para as páginas da ‘Folha de S.Paulo’.” O texto ainda cita os principais personagens de Glauco: Geraldão, Zé do Apocalipse, Dona Marta, Doy Jorge, Casal Neuras e Geraldinho, além de outros. Segundo o conselho, o cartunista integrou a equipe de redatores do “TV Pirata” e da “TV Colosso”, programas apresentados pela TV Globo.
“Glauco registrou, a cada momento, as transformações pelas quais passou o mundo, o Brasil. Era um profundo conhecedor e critico da alma humana, mas sempre de maneira bem humorada, provocando reflexões”, afirma a nota, assinada pelo presidente do Conselho Consultivo do Salão, Ricardo Viveiros, e pelo vice, Zélio Alves Pinto.