O deputado Gervásio Silva (SC) oficializou sua saída do DEM e se filiou ao PSDB, acirrando ainda mais as divergências entre os dois partidos na Câmara. O DEM anunciou que vai entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir de volta o mandato do deputado, considerado infiel, e notificá-lo do pagamento da multa de R$ 50 mil, valor que é cobrado de todos os parlamentares que foram eleitos usando a estrutura do partido e mudaram de legenda.
Para manter a bancada do DEM maior do que a do PSDB, o líder do partido, deputado Onyx Lorenzoni (RS), anunciou que o deputado eleito e licenciado Cássio Taniguchi (DEM-PR) voltará a ocupar a vaga na Câmara. Taniguchi é secretário de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal. Ontem, o DEM tinha 60 deputados e o PSDB, 57. A troca de partido de Gervásio Silva, notificada ontem à noite na secretaria da Câmara, deixou as bancadas com 59 e 58, respectivamente, ainda com o DEM na frente. Mas Lorenzoni confirmou que Taniguchi vai reforçar a bancada.
O DEM surpreendeu ontem ao indicar o deputado André de Paula (DEM-PE) para líder da minoria, destituindo o tucano Zenaldo Coutinho (PA), que assumira dez dias antes. Cabe à maior bancada entre os partidos de oposição indicar o líder da minoria. A atitude do DEM expôs o distanciamento cada vez maior e a disputa entre os dois antigos aliados.
Críticas
Hoje, deputados do DEM não pouparam críticas aos tucanos durante um café da manhã com jornalistas. "Nós somos oposição em tempo integral. O PSDB faz negociações setoriais com o governo", afirmou o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC). "O PSDB é o PT rosé. Eles (tucanos), que gostam tanto de vinho, não são nem branco nem tinto, são rosé", comparou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Lorenzoni disse que os democratas nasceram para disputar o poder e querem mostrar um novo caminho para o País. "Não podemos falar em novo caminho carregando as bandeiras tucanas. Já fizemos isso por muito tempo", afirmou. Lorenzoni lembrou que o DEM pretende disputar a presidência da República com candidato próprio. E citou que, nas próximas eleições municipais, o partido também terá candidatos próprios em todas as capitais e nas 500 maiores cidades.
O fato de o PSDB tirar um deputado do DEM irritou a bancada. O deputado Paulo Bornhausen disse que o DEM em Santa Catarina ficou em posição desagradável quando tucanos foram ao Estado, no último dia 11, festejar a troca de partido do deputado Gervásio Silva. Paulo Bornhausen citou a presença do líder do PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio, do governador de Minas Gerais Aécio Neves, e do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, na cerimônia de filiação de Silva. "A bancada se ressentiu. Que parceria é essa?", questionou.