Fazer a graduação em uma universidade fora do Brasil pode ser uma forma de evitar os temidos vestibulares tupiniquins. Muitos países querem atrair alunos estrangeiros e têm interesse nos estudantes brasileiros. É o caso de Alemanha, China, Nova Zelândia, Reino Unido e Rússia. Na Nova Zelândia, por exemplo, a política educacional do país inclui a internacionalização das universidades, que são financiadas pelo governo – diferentemente das públicas do Brasil, cujo ensino é gratuito, elas cobram 1/3 da mensalidade de neozelandeses e 100% dos alunos estrangeiros.

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Segundo o embaixador da Nova Zelândia no Brasil, Jeffrey McAlister, um dos pilares da estratégia educacional do país é a atração de estudantes estrangeiros para ajudar os neozelandeses a se integrar no mercado de trabalho globalizado. “É importante que os nossos jovens tenham a capacidade de se comunicar fluentemente com pessoas de outros países, entre eles países significativos como o Brasil”, diz McAlister. “Estudantes que vão para lá acabam tendo uma afinidade permanente com a Nova Zelândia. Quando voltam para o Brasil, se tornam embaixadores do nosso país.”

Embora não tenham vestibulares para os estudantes estrangeiros, os processos de seleção podem ser ainda mais acirrados e demorados. Isso porque as universidades normalmente exigem alto desempenho em toda a vida acadêmica, histórico escolar e atestado de conclusão com tradução juramentada, cartas de recomendação e proficiência no mínimo em inglês. Como nesses países cada universidade tem autonomia para criar seus critérios de seleção, o nível de proficiência no idioma e o número de documentos exigidos podem variar.

Na China, todos os alunos que cursaram o ensino médio no país têm de fazer um exame parecido com o Enem, o Gaokao. Já os alunos estrangeiros são dispensados dessa prova, mas têm de apresentar as notas da escola e os certificados de proficiência em mandarim (HSK ou HSKK). “O Gaokao é conhecido e temido por todas as famílias chinesas. Mas o aluno brasileiro não precisa fazer para entrar no bacharelado ou licenciatura”, afirma a professora de mandarim do Instituto Confúcio da Unesp, Rachel Nian Liu. “Há cursos de graduação em Letras, por exemplo, em que é possível fazer a graduação só com o inglês, mas é sempre melhor ter o certificado de mandarim.”

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Complemento.

Em alguns locais, como na Alemanha, na Nova Zelândia e no Reino Unido, como o ensino médio tem um ano a mais do que no Brasil, é preciso fazer um ano de complemento da educação básica antes da graduação. Geralmente, esse curso inicial já é focado na área em que o aluno vai seguir (Exatas, Humanas ou Biológicas), o chamado Foundation Year. Na Rússia é preciso fazer de 3 a 15 meses do curso Faculdade Preparatória, que ensina russo e tradições do país. Lá há universidades que dão aulas em russo ou em inglês.

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Mesmo com um inglês básico e sem falar russo, Anna Paula Machado, de 20 anos, embarcou na semana passada para cursar Medicina na Universidade Médica Estatal de Kursk. Antes de entrar na graduação, ela vai fazer três meses de aulas preparatórias de inglês. “Vou estudar muito para conseguir acompanhar. Sei que não vai ser fácil, mas é meu sonho e lá é mais barato cursar Medicina do que em um curso particular no Brasil”, disse. Nas universidades de fora há opções para todos os bolsos: de graduações que custam R$ 300 por semestre, como na Alemanha, a outras cujos gastos ultrapassam R$ 10 mil por mês, como no Reino Unido.

Gratuidade.

Como há subsídio do governo, em algumas universidades alemãs o aluno não paga nada para estudar, explica a orientadora educacional do currículo bilíngue do Colégio Porto Seguro, Sabrina Steyer. “Na maioria das universidades, o aluno tem de falar alemão. O estudante que fez o ensino médio no Brasil fora do currículo alemão tem de fazer um curso de preparação de um ou dois anos na universidade em que pretende ingressar.”