O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, rechaçou nesta quarta-feira, 13, as acusações de que a companhia não deveria distribuir dividendos para acionistas no atual momento, diante das restrições de oferta de água e da necessidade de novos investimentos. Segundo Kelman, a distribuição da companhia ficou restrita ao limite mínimo de 25% do lucro previsto pela lei das S/As. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sabesp instalada na Câmara Municipal de São Paulo, vereador Laércio Benko (BHS), discordou e defendeu que a empresa adotasse, nesse momento, uma provisão para obras consideradas emergenciais.
“A Sabesp não tem distribuído dividendo a não ser o mínimo exigido legal, ou seja, 25% de lucro para os acionistas. Essa é uma legislação brasileira. Cometeríamos crime se não seguíssemos a lei brasileira, e a lei brasileira determina a distribuição de no mínimo um quarto do lucro”, ponderou Kelman.
O executivo ainda destacou que metade do lucro distribuído é encaminhado ao governo de São Paulo, principal acionista da empresa, e por isso também é um recurso voltado ao interesse público. “Há opção de que o poder público preste diretamente o serviço de saneamento”, disse. Outra possibilidade seria o serviço ser prestado por uma empresa privada. “Mas não acho que a natureza da empresa, se tem capital privado ou não, que determina se é prestado um bom serviço à população”, complementou.
Na sequência, o executivo confirmou que a companhia não tem condições de fazer, em 2015, todos os investimentos que seriam considerados necessários. Os desembolsos da companhia devem somar R$ 3,2 bilhões neste ano, montante 26% inferior ao investido em 2014.
Já o presidente da CPI da Sabesp na Câmara de São Paulo, vereador Laércio Benko (PHS), defendeu que o montante distribuído via dividendo “faz falta” à companhia. “Distribuir um centavo de lucro é um tapa na cara do cidadão paulistano”, afirmou o vereador. Segundo Benko, a companhia precisa fazer um ajuste contábil de provisão para obras. Na prática, essa medida poderia reverter o lucro anual em prejuízo.
“Não é feio a Sabesp ficar no vermelho. É ruim não ter água em casa. O acionista que espere porque precisamos ter dinheiro em caixa para investir. Enquanto (a Sabesp) não tomar medidas necessárias, não pode gerar lucro”, disse.
Rodízio
Kelman afirmou também que a companhia de saneamento não trabalha com a previsão de que será necessária a adoção de um rodízio de água ao longo de 2015. Segundo o executivo, a situação de abastecimento de água em São Paulo tem sido melhor gerenciada a partir da capacidade de diminuição da retirada de água do sistema Cantareira, fruto da interligação com outros sistemas.
“Não temos nenhuma previsão de implantar rodízio em 2015 porque, diferente do que acontecia um ano atrás, hoje temos condição de diminuir a retirada de água do Cantareira e fazer com que outros sistemas produtores possam abastecer a região que antes era apenas atendida pelo Cantareira”, disse.
Kelman salientou que o volume de água retirada do Cantareira já é menor neste momento, e essa estratégia deve ajudar a empresa a “atravessar” o período seco, entre abril e setembro, “sem perder o controle”. “Não teremos rodízio. A situação é que nem as nuvens, sempre mudam, mas não temos nenhuma previsão de que seja necessário fazer um rodízio”, afirmou.
Para garantir uma situação administrável diante do baixo volume de água do Cantareira, Kelman destacou que a companhia tem observado a expectativa de chuvas e o andamento de obras que garantam a interligação de novos sistemas ao Cantareira. “Embora não enxerguemos no horizonte a necessidade de racionamento, temos que estar preparados para o pior. A cada momento estamos fazendo novas simulações e também dependemos do reforço que outros sistemas terão de água”, disse o presidente da Sabesp. “São obras simples e não há porque esperar atraso. Não vejo nenhuma ameaça no horizonte que nos impeça de achar que a previsão de não rodízio seja verdadeira”, complementou.