Com a conclusão da segunda fase do projeto de despoluição do Rio Tietê prevista para este ano, a Sabesp já negocia financiamento para a fase três do programa. Ao todo, foram investidos mais de R$ 3 bilhões desde o início das ações para a revitalização do rio, em 1992. Os recursos necessários para a realização da terceira fase, que teria início em 2009 e término previsto para 2014, seriam de aproximadamente R$ 1,6 bilhão, segundo dados não oficiais. De acordo com o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, a empresa negocia um empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e também pode recorrer a financiamentos de outras instituições nacionais. Na primeira e na segunda fase, o BID disponibilizou US$ 650 milhões para o Projeto Tietê.
"A Sabesp tem uma boa classificação de risco, uma boa capacidade de financiamento. A nossa expectativa quanto a esse empréstimo é muito positiva", afirmou Oliveira, que participou neste sábado da assinatura de um convênio entre a Sabesp e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para a adoção de iniciativas em favor da preservação do meio ambiente e da despoluição do Tietê.
O presidente da companhia responsável pelo saneamento básico do Estado de São Paulo demonstrou preocupação com a possibilidade de interrupção do projeto, como ocorreu entre 1998 e 2002 (entre a primeira e a segunda fase). Por essa razão, a empresa procura fechar o financiamento antes da conclusão da fase dois. O executivo acredita que as negociações estarão concluídas até o final deste ano. Segundo ele, a Sabesp já encaminhou uma carta-consulta ao BID, que também finalizou as avaliações das fases anteriores do projeto. "Estamos em fase de negociação", disse.
Conscientização
A terceira fase tem metas e programa definidos. O objetivo é trabalhar mais nas cidades que estão na periferia da região metropolitana. Segundo o diretor de Tecnologia e Empreendimento da Sabesp, Marcelo Salles de Freitas, há municípios com índice de coleta de lixo inferior a 50%. Na capital, cerca de 85% do lixo existente no Tietê é retirado. O trabalho de conscientização da população a respeito da importância de não se atirar lixo no Tietê também deve ganhar força nessa nova etapa.
O presidente da Sabesp revelou que a companhia já avalia a realização de uma quarta fase do Projeto Tietê. O objetivo principal do programa é chegar, em 2018, a um nível próximo da universalização do tratamento de esgoto, em torno de 90%. "Em 2020, teríamos um rio praticamente saneado", afirmou. "A possibilidade de revitalizarmos totalmente o Tietê é real e a perseguimos. É um sonho realizável. Conhecemos experiências nesse sentido em vários lugares do mundo e acreditamos que ter esse sonho é importante também para a execução do projeto", disse Oliveira, referindo-se ao programa de despoluição do rio Tâmisa, na Inglaterra. "Mas não vamos precisar de 100 anos de investimento em despoluição como ocorreu no Tâmisa. É legítimo sonhar com uma regata no Tietê em menos de duas décadas.