Rio – Os programas de rádio da governadora Rosinha Matheus e de seu marido, o presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, foram usados ontem para atacar a juíza da 76.ª Zona Eleitoral de Campos, Denise Appolinária, que decidiu anteontem pela cassação dos direitos políticos deles até 2007. A magistrada foi acusada de ser ligada ao PT e de tentar impedir Garotinho de concorrer à Presidência da República, no ano que vem. A assessoria de imprensa do TRE disse que a juíza não comentaria as declarações.
"Ninguém que conhece a juíza vai negar que ela seja simpatizante do PT. Ela tem subido em caminhão e feito discurso", disse o ex-governador. "Ela devia voltar para a faculdade", continuou. Ele classificou a sentença de "ato de terrorismo" e de "panfleto eleitoral" e afirmou que Denise Appolinária vinha anunciando "pelos corredores do fórum de Campos" que iria "pegar o Garotinho". "Eu poderia ter pedido a suspensão da juíza para ser julgado por outro juiz, mas confiei que ela tomaria uma decisão justa".
Entrevistado do programa de Rosinha, o secretário de Integração Governamental, Luiz Rogério Magalhães, chegou a dizer que a juíza foi influenciada por integrantes do governo Lula. "Com certeza ela foi respaldada por autoridades federais", sustentou Magalhães. "Há grandes forças envolvidas nisso, para negar o direito de Garotinho de concorrer à presidência."
Rosinha reafirmou que "não tem nada a esconder". "Confiamos em Deus, no povo e na justiça", garantiu. E disse que vem sofrendo perseguição política, assim como o marido, há muito tempo – segundo Garotinho, isso se deve à opção do casal "pelo povo". A governadora esclareceu que os programas sociais considerados eleitoreiros pela juíza – o Cheque-Cidadão, que paga R$ 100 por mês a famílias carentes, e o Morar Feliz, que dá casas pagas com prestações simbólicas de R$ 1 – são antigos e não existem só em Campos, mas em todo o estado do Rio. O advogado do casal, Luciano Nóbrega, vai recorrer da decisão na segunda-feira.
Na noite de anteontem, um oficial de Justiça de Campos localizou, na capital, o presidente da Câmara Municipal, Alexandre Mocaiber. Ele enviou documento notificando Mocaiber de que ele deveria assumir a prefeitura por fax.