Brasília – O presidente da Comissão do Mercosul do Congresso Nacional, deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), disse ontem não acreditar na possibilidade de represália do governo paraguaio às ações da Polícia Federal (PF) brasileira. Nas últimas semanas, a PF intensificou a repressão ao contrabando de mercadorias provenientes do país vizinho. Autoridades do Paraguai ameaçaram expulsar do país cerca de 10 mil trabalhadores brasileiros -número estimado de pessoas que diariamente saem de Foz do Iguaçu para trabalhar ilegalmente em milhares de lojas paraguaias. "A questão dessa região fronteiriça é grave, e não pode ser tratada dessa maneira", afirmou Dr. Rosinha.
A alfândega paraguaia estima que o país esteja sofrendo prejuízo superior a US$ 10 milhões devido à ação da PF. O prefeito de Ciudad del Este, Javier Zacarias, chegou a classificar como "insignificante" o impacto do contrabando na economia brasileira. "O contrabando tem que ser coibido, independente da proporção que representa na economia", rebate Dr. Rosinha. "Contrabando é uma coisa, relações comerciais são outra."
Para o presidente da Comissão do Mercosul, há medidas que podem ser tomadas do ponto de vista das relações comerciais entre os dois países que podem superar a crise, sem dar brechas ao contrabando. O parlamentar cita como medidas positivas do governo Lula para a questão a iniciativa de doação de R$ 20 milhões ao Paraguai. "O objetivo é estimular a geração de emprego e a pequena agricultura, atendendo pequenos empresários daquela região, além de melhorar a aduana."
Dr. Rosinha sugere ainda como prioridade para a região o início da construção de uma terceira ponte entre Brasil e Paraguai, o que geraria empregos na construção civil. "O Brasil também precisa assinar o mais rápido possível o acordo bilateral criando a fronteira administrativa", acrescentou. A fronteira administrativa seria um documento de identidade para os moradores com trânsito na fronteira. A população da região poderia utilizar serviços médicos, escolas e fazer compras em qualquer lado da fronteira.
Portos
Na quarta-feira, o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, ordenou ao Exército de seu país a invervenção e destruição dos portos e depósitos instalados ao longo do Rio Paraná, na fronteira com o Brasil, e que serviriam para dar sustentação ao contrabando. A iniciativa foi anunciada como uma medida de apoio à campanha contra o contrabando impulsionada pelo governo brasileiro. Segundo o prefeito de Ciudad del Leste, Javier Zacarias, a decisão do presidente paraguaio incluiu ainda uma ordem para que expulsem os trabalhadores brasileiros do comércio daquele país. O número de trabalhadores brasileiros cruzam diariamente a fronteira para trabalhar no Paraguai é estimado em 10 mil.