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Agência Senado
Roseana Sarney: viagem para os EUA, esperando a poeira baixar um pouco.

Brasília (AE) – A senadora Roseana Sarney (MA) saiu do PFL e, contrariando as expectativas do Palácio do Planalto e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não se filiará agora ao PMDB de seu pai, senador José Sarney (AP). Cotada para participar do novo ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela decidiu aguardar, sem legenda, o desenrolar das articulações presidenciais para compor sua equipe. ?Roseana fez o gesto de boa vontade para com o governo, se desfiliando do PFL que faz oposição a Lula, e agora pode esperar baixar a poeira?, explica um parlamentar do grupo Sarney, destacando que, ao menos por enquanto, ela não avançará além disso. Segundo ele, a senadora preferiu ganhar tempo, viajando de férias para os Estados Unidos, e só na volta, dentro de uns dez dias, deverá definir seu destino.

Em uma demonstração de que todo o grupo Sarney está em compasso de espera, ficou acertado que o senador Edson Lobão (MA) continuará filiado ao PFL e na ?trincheira da oposição?, ao menos até que o cenário político fique mais claro. Foi este o acordo fechado na reunião do próprio Sarney com Renan e Lobão na noite de quarta-feira.

O correligionário de Roseana conta que até agora o ex-presidente José Sarney não foi procurado pelo presidente Lula e diz que ninguém sabe o que o petista pretende oferecer ao grupo e também ao PMDB. Ele observa que, no caso de Roseana, a cautela é mais que recomendável. Afinal, lembra o parlamentar, ela já chegou a ser sondada para assumir o Ministério das Cidades e só colheu desgaste político do episódio porque, depois de meses ?na chuva?, nada se confirmou.

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Como o presidente Lula anunciou que o novo ministério sai antes do Natal e que, quando voltar de seu descanso na Bahia, vai chamar os partidos para conversar, todos os interessados em fazer parte do governo adotaram a estratégia de esperar para ver o que vai acontcer.

No entanto, Renan Calheiros contava com um desfecho diferente por parte de Roseana, espera pelo rápido ingresso da filha de José Sarney no PMDB, para que o partido consolidasse o status de maior bancada do Senado e o direito de indicar o presidente da Casa. Candidato à reeleição com a simpatia do Planalto, ele articula para dificultar o lançamento de uma candidatura do PFL, que até o desligamento de Roseana tinha o mesmo número de senadores do PMDB: 18. Para ajudá-lo a fortalecer a tese de que o PMDB é majoritário, Sarney comprometeu-se apenas a patrocinar a adesão do senador Epitácio Cafeteira (MA), recém-eleito pelo PTB.

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A direção do PFL dava como certa a saída de Roseana, mas no caso de Lobão o raciocínio é outro. Setores da cúpula do partido apostam que Lobão tem interesse em continuar na legenda e tentar manter a estrutura partidária, que inclui 53 prefeitos, 12 deputados estaduais 290 vereadores. Mas um ?sarneísta? que conhece bem o quadro maranhense diz que quem tem densidade eleitoral e mais liderança política no Estado é Roseana.

O raciocínio neste caso é o de que a grande vantagem para Lobão, em ficar onde está é que, no PMDB, o número de caciques regionais é muito maior. Em meio a uma bancada de ?estrelas?, raciocina o ?sarneísta?, sobraria a Lobão muito menos espaço político para dar projeção a seu trabalho de senador, do que no PFL.