Depois de 39 anos seguidos na política, Joaquim Roriz (PMDB-DF), que se orgulhava de ?não conhecer o sabor da derrota?, renunciou ao mandato de senador conquistado em 2006. Foi uma renúncia melancólica, formalizada por carta lida pelo senador Mão Santa (PMDB-PI), às 21h15, em plenário com quatro senadores. Roriz foi o quarto senador na história a renunciar: antes dele, também para evitar a cassação, usaram a tática Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), José Roberto Arruda (DEM-DF) e Jader Barbalho (PMDB-PA).
A saída, contudo, poupou Roriz da perda de direitos políticos e ele poderá disputar cargo eletivo em 2010 – o DF não tem eleições municipais em 2008. Isso ocorreu por uma manobra da Mesa Diretora, que ?segurou? o envio do pedido de abertura de processo ao Conselho de Ética. Pela legislação, quando o conselho inicia apuração, o acusado não pode mais renunciar para evitar a perda dos direitos políticos.
O discurso de renúncia de Roriz chegou à Mesa em meio à sessão com plenário vazio, no qual estavam só Eduardo Suplicy (PT-SP) e Wellington Dias (PMDB-MG), debatendo sobre a Renda Básica de Cidadania. Gilvam Borges (PMDB-AP) anunciou que faria comunicado importante. Em seguida, coube ao senador Mão Santa (PMDB-PI), secretário-substituto, ler o discurso de nove minutos e duas páginas. Ressaltando que vivia hora de ?grave decisão?, o ex-governador do Distrito Federal afirmou na carta que, com ?farta documentação?, demonstrou ?cabalmente a lisura? de sua conduta política.
Criticou a condenação pública que sofreu pela mídia: ?O furor da imprensa, o açodamento de alguns, as conclusões maliciosamente colocadas lamentavelmente ecoaram mais alto. Pesou apenas o propósito de destruir, neste momento, uma vida coroada por relevantes serviços prestados à sociedade, particularmente ao povo mais humilde do Distrito Federal?, escreveu. Uma parte da carta foi usada para se queixar do próprio Senado e do corregedor Romeu Tuma (DEM-SP), que havia classificado de ?grave? a situação de Roriz.