Os índios da etnia tuxaua libertaram oito alunos da Missão Concordata, da Igreja Católica, na Aldeia Surumu, em Roraima, mas continuam mantendo três religiosos em prisão domiciliar e seqüestro, informou à Rádio Nacional da Amazônia o vigário-geral da Diocese de Boa Vista, padre Edson Damian. Ele disse estar muito preocupado com a proteção e a segurança dos religiosos. Acha, inclusive, que eles correm risco de vida. Por isso, a igreja manteve contatos ontem com o Vaticano, em Roma.

Segundo o Vigário de Boa Vista, os índios estão se mostrando mais violentos do que nos dias anteriores. Eles protestam contra a decisão da Fundação Nacional do Índio (Funai) de homologar as Reservas São Marcos/Raposa Serra do Sol de forma contínua e não em ?ilhas?. É o que desejam também os fazendeiros e o governo estadual. ?O clima é de desordem e de terror, inclusive na capital?, disse o padre Edson Damiam.

Estão em poder dos índios, na Aldeia Surumu, os padres Ronaldo Pinto França, natural de Manaus e César Avellaneda, colombiano, que acompanhava grupo de seminaristas da capital do amazonas. Também está seqüestrado o irmão João Carlos Martinez, espanhol, diretor do Centro de Formação Indígena da Aldeia Surumu, onde houve a invasão, há três dias.

Houve violência, segundo o vigário-geral de Boa Vista. ?Eles chegaram alcoolizados, insuflados pelos plantadores de arroz, depredaram as instalações, destruíram os computadores e os utensílios escolares e de cozinha, e depois prenderam as pessoas.? Padre Edson lamentou a ausência de uma ação do governo de Roraima para conter a ordem. Ele disse que as negociações com os indígenas, com relação aos padres seqüestrados, são sendo feitas pela PF, que passa o dia na Aldeia, voltando, à noite, para a capital.

O governador de Roraima, Flamarion Portela, licenciado do PT, foi a Brasília discutir uma solução para o impasse com o governo federeal. Segundo o vigário-geral de Boa Vista, a igreja católica está ?ao lado da Justiça e da legalidade, a favor da demarcação acertada de acordo com a Constituição e com base em estudos antropológicos?.

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