São Paulo – Um dos tripés da política de comércio exterior do governo, Roberto Rodrigues, da Agricultura, vai entregar o cargo no fim de 2006, mesmo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reeleja. Em entrevista a revista CartaCapital, o ministro afirmou pela primeira vez que não quer continuar no cargo. Diz que, apesar de ainda não ter conversado a respeito com o presidente, tem certeza de que o desejo é recíproco. Rodrigues está decidido a largar o governo para retomar os negócios como produtor rural, terminar de escrever três livros e, principalmente, ficar mais perto dos quatro filhos e dos sete netos. Hoje, ele tem sob sua tutela o agronegócio, setor da economia responsável por 31% do PIB nacional e principal item da pauta de exportações do Brasil.

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Rodrigues, Luiz Fernando Furlan, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e Celso Amorim, das Relações Exteriores, todos sem filiação partidária, foram os ministros mais preservados pela oposição e prestigiados por Lula durante os três primeiros anos de governo.

Sobre a sua experiência no governo, ele disse: "Vamos falar só de agricultura, porque eu não entendo de política, entendo é de agricultura. Fiquei chateado, é lógico. Mas acho que a minha missão estará cumprida neste ano, aí já terei dado uma boa contribuição. Tudo na vida tem ciclos e esse ciclo acabou. É uma decisão pessoal, não tem a ver com a crise política. Prefiro não falar mais sobre esse assunto".

Sobre seus livros, ele disse que "um é sobre a história da moderna agricultura brasileira. O outro será sobre a história do cooperativismo brasileiro dos anos 80 para cá. O terceiro será um romance, que já tem umas cem páginas escritas. Nele, quatro amigos, um mecânico, um pescador, um agricultor e um médico jogam truco à beira de um riacho, enquanto bebem pinga. Também quero compor um pouco mais, me dedicar à música. Já tenho até um CD gravado". 

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