Rocha Matos menciona fitas sobre Celso Daniel

Pouco antes de ser preso, o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos telefonou para o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Lacerda, mencionando a suposta existência de fitas sobre a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. ?Sei que nós estamos sendo gravados?, teria afirmado Rocha Mattos. ?E o senhor (Lacerda) sabe que é por causa da fita do PT?, acrescentou o juiz.

O fato foi revelado na semana passada por fontes da PF, quando os investigadores avaliaram que uma das táticas utilizadas pelos presos na Operação Anaconda seria a de envolver autoridades do governo. Rocha Mattos fez a ligação em 2 de novembro – 3 dias depois que a Anaconda capturou oito acusados em São Paulo, entre eles a auditora do Tesouro Norma Regina Emílio Cunha, ex-mulher do magistrado. No apartamento de Norma, a blitz federal teria encontrado 42 fitas com gravações de políticos e auxiliares do prefeito Celso Daniel. Rocha Mattos afirma que as fitas estavam guardadas na banheira de Norma.

Cinco dias depois do telefonema ao chefe da PF, Rocha Mattos foi preso, apontado como mentor da organização criminosa para venda de sentenças judiciais. Lacerda teria estranhado a ligação que recebeu de Rocha Mattos, a quem conhece há anos, já que o juiz também foi delegado da PF.

Na ligação ao diretor da Polícia Federal, Rocha Mattos afirmou que havia mandado destruir as fitas originais relacionadas ao caso de Santo André, mas tinha recebido cópias do Departamento de Inquéritos da Justiça estadual. ?Têm uns assuntos que gostaria que fossem restituídos?, teria dito o juiz ao diretor da PF, esclarecendo em seguida: ?Acho que estão com a fita do PT de Santo André.? Ele se referia ao material que fora apreendido pelos agentes da PF. ?Nas buscas que fizemos não apreendemos nenhuma fita. Por isso achei estranha a ligação?, contou Lacerda.

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