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Risco de ser assaltado é 4 vezes maior na capital paulista que no interior

Na capital paulista, o risco de ser assaltado é quatro vezes maior que no interior do Estado. Essa conclusão faz parte de um relatório do Instituto Sou da Paz, divulgado em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo, que aponta a cidade de São Paulo no topo do ranking de exposição a crimes patrimoniais violentos, como roubos, bem acima das outras regiões.

Elaborado pelo Sou da Paz, o Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV) mede o risco nas cidades e permite comparações. Para o índice geral, é feita uma média ponderada, com base em taxas de homicídios e latrocínios (IECV Vida), estupros (IECV Dignidade Sexual) e roubos, roubos de veículo e de carga (IECV Patrimônio).

Embora em tendência de queda, o IECV Patrimônio da capital ficou em 23,4 neste primeiro semestre – mais do que o quá- druplo do registrado no interior (5,3). O resultado da cidade melhora em relação à Grande São Paulo, mas ainda assim representa o dobro de risco.

Se o IECV de uma cidade for zero, não significa que não houve ocorrência de crime no período, e sim que ela obteve a menor taxa entre as regiões. “Quanto maior o índice, maior a exposição à violência”, explica Stephanie Morin, gerente de pesquisas do Sou da Paz.

A razão para essa disparidade entre capital e interior, diz ela, pode estar ligada à densidade populacional e à concentração de renda na cidade de São Paulo. Por serem mais comuns, os crimes contra o patrimônio tendem a ter mais impacto na sensação de segurança.

O professor universitário Emerson Boscariol Victor, de 45 anos, mudou-se de São Paulo para Sorocaba, no interior, em busca de uma vida com menos riscos, mas não escapou da violência. Seus pais continuam morando em São Paulo e, em uma das viagens à capital, no ano passado, Victor sofreu um assalto na Vila Mariana, zona sul.

“Estava parado no semáforo e um rapaz chegou do nada, anunciando o assalto. Estava com a mão embaixo da camisa, como se tivesse uma arma. Pediu o celular e a carteira. Eu estava com o celular entre as pernas e entreguei para ele, mas, como demorava para achar a carteira, ele ameaçou atirar.” Em Sorocaba, nunca foi assaltado. “Não digo que não tem violência, mas nem se compara.”

Considerando a média do Estado, o IECV Patrimônio ficou em 7 – menos do que o registrado no primeiro semestre de 2017, quando estava em 8,6. O número total de roubos caiu 15% de janeiro a junho no Estado, mas o patamar é considerado alto. Foram 136.974 ocorrências – mais de 30 casos por hora.

Entre as regiões, o interior conseguiu o melhor resultado, reduzindo em 24% esse tipo de delito. Na capital, a queda foi de 12%, mas apenas dez delegacias concentram um quarto das ocorrências. Já o IECV geral, composto pelos três subíndices, recuou em todas as regiões (de 20 para 19,4) – redução puxada pela queda de 12% da letalidade violenta. Na prática, significa que os paulistas estão menos expostos a riscos gerais.

Vulnerabilidade

Pela primeira vez, o Sou da Paz analisou a relação entre a violência e o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), um indicador com base em rendimento médio domiciliar, nível de escolaridade e outros dados sociais. “Percebemos uma relação positiva entre os indicadores. Quanto maior a proporção de pessoas em baixa vulnerabilidade, maior a exposição à violência”, diz Stephanie.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz que trabalha “incessantemente no combate aos crimes” e 113.871 pessoas foram presas no primeiro semestre. “Diversas políticas públicas de segurança vêm sendo implementadas para que São Paulo apresentasse a menor taxa de homicídios do País, 7,54 casos para cada 100 mil habitantes em 2017.”

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