João de Noronha / GPP |
Aeronáutica deve montar uma força-tarefa para ajudar a regularizar o |
Brasília (AE) – Ontem, no sétimo dia de atrasos nos aeroportos do país, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, convocou os 149 controladores de vôo de Brasília para que todos permanecessem em seus postos de trabalho. Outra medida foi a retenção dos controladores que já trabalhavam no Cindacta 1. Os controladores convocados irão compor uma força-tarefa para ajudar a regularizar o caos nos aeroportos.
Segundo o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, entretanto, a medida não vai resolver a situação. ?Esses trabalhadores não agüentam trabalhar nesse ritmo intenso mais de 30 a 40 horas. Depois disso, eles entram em fadiga?, disse. Ainda de acordo com o presidente da Infraero, a decisão deve trazer uma melhora só para hoje à noite, mas admitiu que os problemas podem retornar amanhã, em menor escala, e se agravar de novo no domingo, no fim do feriado prolongado de Finados.
A solução de manter os controladores aquartelados se deu depois das 3h de ontem, quando o comando da Aeronáutica verificou total paralisação do sistema aéreo. Luiz Carlos Bueno, no entanto, se recusou a admitir que foi um ?apagão aéreo?. ?Às 3 horas da manhã estava tudo parado?, confirmou o brigadeiro.
A convocação dos controladores veio acompanhada da ameaça de punição, baseada no regulamento militar, que, em última instância, pode resultar na prisão do funcionário caso não aceite a convocação. ?Se o convocado se recusar, tem detenção, repreensão?, disse Bueno.
O brigadeiro informou ainda que oito controladores alegaram problemas de saúde para evitar a convocação e que outros 18 controladores foram convocados para trabalhar fora do sistema convencional -11 da reserva, que aceitaram voltar ao trabalho, quatro remanejados e três de operações militares que foram transferidos para o serviço civil.
Para o ex-presidente da Associação de Controladores de Vôos, Ulisses Fontenele, a medida adotada pelo Comando da Aeronáutica não resolverá os problemas dos atrasos vividos em quase todos os aeroportos. ?Concordo que temos de encontrar uma solução. Mas esta não é a solução?, disse.
Reclusos no Cindacta, os controladores, de acordo com Fontenele, estão sendo obrigados a trabalhar sob um alto nível de estresse. ?O estresse é tão alto que tem até gente chorando por não suportar a pressão?, afirmou. Preocupado, o ex-presidente da Associação de Controladores demonstrou apreensão sobre as condições de trabalho dos operadores mantidos no Cindacta. ?Quero saber como eles vão dormir. Se há lugar para eles descansarem?, comentou.
Os controladores militares, segundo o relato de Fontenele, estão sofrendo ameaças de serem submetidos a uma corte marcial se resolverem deixar o Cindacta antes de domingo. ?Se forem punidos por uma corte marcial, os militares perdem todos os seus direitos?, disse.