Apesar das chuvas acima da média desde o início de março, os rios das bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que abastecem as regiões de Campinas e Piracicaba, no interior de São Paulo, não estão conseguindo manter a vazão esperada para este período. O volume atual dos rios está próximo do que deveria ocorrer em agosto, no auge da estiagem. O Consórcio do PCJ, que monitora as bacias, alertou para o risco de não haver água, nesse período, para atender as necessidades de todos os usuários, inclusive os do abastecimento público.
O Rio Piracicaba, o principal da região, tinha vazão de 56,3 metros cúbicos por segundo na tarde desta segunda-feira, 6 – 52% abaixo da média do mês. Como em março choveu 240 milímetros, acima da média histórica de 156,9 mm, esperava-se que o rio tivesse, na primeira semana de abril, o dobro do volume atual. No dia 21 de março, o Piracicaba chegou a 267,4 m3/s na área urbana de Piracicaba.
O Rio Atibaia, que abastece Campinas, tinha vazão de 17,7 m3/s, quando deveria estar em 29,7. O Jaguari, que há um mês chegou a 52,4 m3/2, nesta segunda-feira estava com 16,10 em seu ponto máximo, próximo da foz. Com vazão de 2,71 m3/s, o Rio Camanducaia era o mais próximo do estado de restrição, abaixo de 1,50, quando as captações para abastecimento sofrem corte de 20%.
Para o Consórcio PCJ, com essas vazões, os rios da região não aguentam a estiagem deste ano e vão precisar de mais água do Sistema Cantareira – os rios são formadores das represas do sistema e recebem a chamada vazão efluente, a água que sai do Cantareira. “Os técnicos do Consórcio PCJ concluem que certamente serão necessárias vazões superiores que a vazão máxima de 2 m3/s atualmente limitada pelos gestores às bacias PCJ”, informou, em nota, o consórcio.
Segundo a entidade, especialistas em climatologia tem alertado para que não ocorra uma falsa ilusão de que a sustentabilidade hídrica das bacias PCJ esteja garantida com as chuvas das últimas semanas. Ainda segundo o PCJ, a situação estaria melhor se os reservatórios previstos para os Rios Camanducaia, no município de Amparo, Jaguari, em Pedreira, e Itaim, em Salto, estivessem prontos, mas as obras ainda estão em processo de licenciamento.
Ainda segundo o PCJ, os municípios que tiveram racionamento em 2014 e não construíram ou ampliaram reservatórios, podem voltar a sofrer com a falta de água este ano. Ações de reúso, combate às perdas e economia no consumo devem ser iniciadas de imediato, recomenda o PCJ.
Em Itu, uma das cidades mais castigadas pela crise hídrica em 2014, a principal obra para enfrentar a escassez está atrasada. A adutora de 22,5 quilômetros que vai retirar água dos ribeirões Mombaça e Pau D’Alho para complementar o abastecimento da cidade deveria ter ficado pronta em janeiro. De acordo com a concessionária Águas de Itu, as chuvas atrapalharam os serviços que, mesmo assim, serão concluídos até junho, antes do agravamento da crise hídrica.
