Durante evento do Observatório Militar da Praia Vermelha sobre os cem dias da intervenção federal no Rio de Janeiro, o secretário de Segurança, Richard Nunes, elogiou a atuação das forças de segurança durante a paralisação dos caminhoneiros.

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O secretário reconheceu, no entanto, “que não há solução mágica” para a situação do Rio. “Só começamos a atuar de forma efetiva e integrada no mês de abril; então esses números (da violência) têm de ser vistos com mais cautela. Tratar disso com imediatismo não vai nos ajudar em nada.”

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Os índices de violência do Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgados em abril mostram que os homicídios aumentaram após a intervenção, enquanto os índices de roubo (de carro, de carga, de transeunte) diminuíram. Segundo a diretora do ISP, Joana Monteiro, a situação atual da violência “é bastante similar à que tínhamos no início do ano passado”. “A gente não tem indicadores objetivos mostrando uma grande melhora no momento.”

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A chamada letalidade violenta – que engloba, além das mortes em ações policiais, os homicídios, os roubos seguidos de morte e as lesões corporais seguidas de morte – cresceu 9,8% no mês passado em relação a abril de 2017 (592 contra 539). Os roubos, no entanto, caíram.

O roubo de veículos teve queda de 4,8% em relação ao mesmo período de 2017. Os roubos de carga (um dos crimes que mais preocupam as autoridades) também recuaram: 13,6%. Os roubos a transeuntes diminuíram 12,6%, e os roubos a residências refluíram 18,9%. “Não podemos ser simplistas”, frisou Joana Monteiro. “Não chegamos a esse padrão de violência do dia para a noite e não vamos sair dele do dia para a noite.”

A diretora do ISP destacou ainda como lado positivo da intervenção o fato de a segurança pública ter entrado na agenda federal. “Mas o lado negativo é que se criou uma narrativa de que o problema do Rio ocorreu por falha das polícias e da Secretaria de Segurança, quando, na verdade, houve problema fiscal e orçamentário.”

Tráfico toma estações do BRT

No mesmo dia em que os militares fizeram um balanço dos cem dias de intervenção federal na segurança do Rio, o secretário da Casa Civil da prefeitura da capital, Paulo Messina, afirmou que o tráfico de drogas assumiu o controle de um trecho que engloba 22 estações do BRT (um terço do total) na zona oeste. O BRT Transoeste é um sistema expresso de ônibus que liga a Barra da Tijuca a Campo Grande, na zona oeste.

Com essa interferência, os coletivos ainda não puderam voltar a circular normalmente, após a paralisação provocada pelo movimento dos caminhoneiros, que deixou o serviço sem combustível. “As estações viraram quiosques do tráfico de drogas”, disse Messina nesta terça-feira, 29.

As forças de segurança foram acionadas depois de o consórcio BRT informar o problema à prefeitura. “As estações viraram grandes lojas do tráfico de drogas, e o poder público perdeu o controle. O tráfico está ameaçando funcionários do BRT, e está impossível operar.”

A circulação do BRT na zona oeste já estava sob ameaça desde o ano passado. Em novembro, os operadores do serviço afirmaram que fechariam 22 estações na região, porque tinham sido invadidas por moradores de rua e usuários de drogas. O problema, agora, se agravou. No Twitter, às 17h40, a Polícia Militar informou que policiais do 27º BPM (Santa Cruz) percorreram as estações e não encontraram criminosos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.