Parentes, amigos e colegas se despediram ontem, no Rio, de quatro militares que serviam na missão da ONU no Haiti e morreram no terremoto do dia 12. O primeiro enterro foi o do coronel Marcus Vinícius Cysneiros, de 41 anos, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói. O corpo dele foi levado ao jazigo por militares do 8º Contingente, que voltarão ao Haiti nos próximos dias.
“Voltaremos numa situação mais grave que a anterior, mas temos de respirar e seguir em frente. Vamos ajudar os amigos que fizemos no Haiti durante a primeira missão, o que aumenta a nossa ansiedade de embarcar”, afirmou o sargento Rafael Carvalho, de 26 anos.
Carvalho disse que não falou com os colegas que estão no Haiti, porque a prioridade dos militares em seu tempo livre é aproveitar a companhia dos parentes. No entanto, ele acredita que o foco da missão mudou: “Agora ajudaremos a reconstruir um país. Atuaremos tanto na questão da segurança quanto na da infraestrutura. E partiremos da estaca zero.”
Cerca de 150 pessoas compareceram ao funeral. Segundo parentes, Cysneiros chegou ao Haiti em junho e retornaria no dia 29. “Ele falou com a família algumas horas antes do terremoto”, revelou a cunhada do coronel, Danielle Fritzen, de 35 anos. O militar deixou a esposa, a advogada Gizelle Cysneiros, de 32 anos, e as filhas Nathalia, de 2, e Bruna, de 18.
Segundo sua mãe, a pedagoga Elza Deli Cysneiros, o coronel entrou para a carreira militar aos 13 anos quando ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas, e era um entusiasta da missão da ONU no Haiti.
No Crematório do Cemitério do Caju, o corpo do general de Brigada Emílio Carlos Torres dos Santos, de 46 anos, foi cremado ontem à tarde após salva de tiros e homenagens. O militar partiu para o Haiti logo após celebrar as festas de final de ano no Rio com a esposa, a médica Ana Paula dos Santos, de 41 anos, e as filhas Tatiana, de 13, e Carolina, de 7. “Os militares não foram vítimas do terremoto. Foram heróis desta tragédia. Se Emílio estivesse vivo, estaria lá ajudando”, avaliou o irmão do general, Eduardo Caio Torres dos Santos, de 36 anos.
Ainda no Rio, o tenente-coronel Márcio Guimarães Martins foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, na Zona Oeste. Na cidade de Piraí, no Sul Fluminense, o sargento Rodrigo de Souza Lima, de 24 anos, foi velado na Câmara Municipal.