O reforço emergencial no policiamento do centro carioca, por causa da onda de assaltos cometidos por gangues desde o fim do ano passado, não resultou em diminuição da violência nesta quarta-feira, 6. Ao longo do dia, a reportagem flagrou quatro assaltos e tentativas na região, apesar de a Polícia Militar ter anunciado efetivo extra de 30 policiais.

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Nos últimos dois dias, imagens que mostram ataques a pedestres vêm sendo exibidas em redes sociais e nos noticiários da TV Globo. O reforço na segurança chegou ao centro logo de manhã, especialmente no Largo da Carioca, tomado por policiais militares e guardas municipais da prefeitura. Mas a violência persistiu.

A camelô Dora Menezes, de 33 anos, foi assaltada às 11h30 no Campo de Santana. Longe de policiais, um homem arrancou seu bracelete de bijuteria, imaginando tratar-se de uma joia. O braço direito da vítima ficou marcado. “Ele puxou muito rápido e fugiu. Eles fazem isso porque sabem que não serão presos”, disse ela.

Mais cedo, por volta das 7h, três homens tentaram roubar celulares de passageiros de um ônibus que passava pela Avenida Presidente Vargas. Pouco depois das 10h, dois rapazes, vestidos com bermuda e camisa de malha, esboçaram atacar duas mulheres no trecho da Rua da Alfândega entre a Avenida Rio Branco e a Rua da Quitanda. Um pedestre gritou. A dupla saiu com rapidez.

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Às 17h30, um rapaz, aparentando menos de 18 anos, abordou um homem na Rio Branco, perto da Rua do Rosário. Na sequência, outro bandido puxou a carteira da vítima e fugiu.

Vendedora de uma loja de biquínis no Largo da Carioca, Carina Corrêa, de 22 anos, disse que o estabelecimento já foi furtado várias vezes. “São sempre os mesmos, a gente já até conhece. Levam até as roupas que ficam nos manequins. Os policiais da cabine do Largo não circulam pelas ruas.”

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A turista Ana Clara Costa, de 22 anos, que visitava a tradicional Confeitaria Colombo, na Rua Gonçalves Dias, estranhou os métodos de segurança. “Em Curitiba é diferente. Aqui, os policiais ficam parados dentro do carro, com os vidros fechados. Lá, eles circulam a pé.” A confeitaria tem seis seguranças e, na rua, há agentes à paisana contratados por comerciantes.

O gerente Vinícius Silva, de 26 anos, do Hotel São Francisco, disse que orienta os hóspedes a não andar pelo centro nem expor celulares e objetos de valor. “Há um ano, um cliente chegou ensanguentado após ter sido assaltado aqui perto.”

O presidente do Sindicato dos Lojistas, Aldo Gonçalves, disse que 600 lojas fecharam no centro no último semestre, por causa da violência e da crise econômica. “A reclamação dos lojistas é geral.”

Segundo a PM, desde outubro, 70 crianças e adolescentes foram apreendidos no centro. Só nos cinco primeiros dias do ano, 12 adultos suspeitos foram presos e três menores, apreendidos. Para o delegado Alessandro Petralanda, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, a legislação trata os menores infratores como “vítimas da sociedade” e não como criminosos. Assim, eles têm “privilégios”, como ser detido várias vezes e voltar sempre para a rua.

“Como a lei determina que menores de idade sejam ressocializados imediatamente e não prevê cárcere, o Judiciário carece de instrumentos para segurá-los por mais tempo no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase)”, disse ele.

Sensação de segurança

Para o antropólogo Roberto Kant de Lima, da Universidade Federal Fluminense (UFF), policiamento ostensivo causa sensação de segurança, mas não garante o fim dos assaltos. “A melhor forma de evitar esse tipo de crime é combater a receptação. Ninguém rouba um celular ou uma joia para uso próprio, mas para vender. Se o ladrão não tiver a quem vender, não roubará.”

O diretor do Fórum de Segurança da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio, Paulo Michel, defendeu a montagem de “um plano de segurança para os turistas”. “No centro, há uma grande movimentação de pessoas e os turistas devem tomar cuidado.” (Colaborou Fábio Grellet)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.