Médicos que atuam no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio, podem ser indiciados por homicídio doloso (intencional) pela morte do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos, ocorrida na última segunda-feira, dia 2. Marigo tinha ido correr pela orla e voltava de ônibus para casa, em Laranjeiras, na zona sul do Rio. Como o fotógrafo começou a passar mal, o motorista do coletivo decidiu mudar o itinerário e levá-lo ao hospital mais próximo, o INC, também em Laranjeiras.
Para agilizar o atendimento e não interromper o trânsito, o motorista parou o ônibus sobre a calçada, atraindo a atenção dos pedestres. Passageiros alertaram funcionários do INC sobre o caso, mas nenhum médico apareceu para atender o fotógrafo. Funcionários do INC recomendaram que fosse chamado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Uma ambulância chegou ao INC e um médico que estava no veículo tentou socorrer o fotógrafo, que sofria um enfarte e recebeu massagem cardíaca. Em seguida uma equipe do Samu chegou e assumiu o atendimento, mas Marigo morreu minutos depois, dentro do ônibus.
A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) investigam a responsabilidade dos médicos do INC no episódio.
O fotógrafo, que era especializado em imagens da natureza e é o autor de fotos publicadas em fichas que acompanhavam o chocolate Surpresa, foi enterrado anteontem no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul). Em nota, o INC afirmou que “uma senhora chegou à recepção do hospital pedindo atendimento a um cidadão que ‘estava passando mal na rua’. Por não ter sido dimensionada a gravidade do caso, o segurança a orientou a chamar o serviço de emergência móvel – já que o INC não conta com uma unidade de emergência. (…) Assim que tomou conhecimento, uma equipe médica do INC seguiu para o ônibus para prestar o atendimento e lá ficou à disposição. Paralelo a isso, foi disponibilizado um leito no CTI do hospital para recepção do cidadão em caso de sucesso da reanimação”. Segundo a nota, “não foi realizada a remoção imediata da vítima para o INC pois, de acordo com o protocolo de reanimação cardíaca, não é recomendável a mobilização do paciente”.
Em entrevista nesta quarta-feira à TV Globo, a diretora médica do INC, Cynthia Magalhães, negou que tenha havido omissão de socorro. “Acho que houve uma má informação da gravidade do que estava acontecendo ali, dentro do ônibus. A gente não tem como saber o que está acontecendo dentro de um ônibus”, disse. A família de Marigo está acompanhando as investigações para decidir qual providência tomar. “Só vamos tomar qualquer medida depois de conhecer as conclusões das investigações da polícia e do Cremerj”, afirmou nesta quarta a viúva de Luiz Cláudio, Cecília Marigo.