Em meio à discussão judicial sobre a decretação ou não da prisão de 23 ativistas denunciados pelo Ministério Público do Rio por formação de quadrilha, cerca de 400 pessoas fizeram um protesto na noite desta quarta-feira, 30, no centro da capital fluminense contra o que consideram “prisões políticas”.
O ato ocorreu seis dias após a decisão do desembargador Siro Darlan que suspendeu as 23 ordens de prisão e um dia depois que o Ministério Público recorreu pedindo que os mandados sejam restabelecidos. Após ser comunicado oficialmente da decisão, Darlan tem 48 horas para rever sua decisão ou submeter o caso à 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que ele próprio integra.
O protesto começou nas imediações da igreja da Candelária, às 17h30. Dali o grupo saiu pela Avenida Rio Branco até a sede do TJ-RJ e depois seguiria para a Cinelândia. Além de pedir a manutenção dos habeas corpus que garantem a liberdade dos ativistas, os manifestantes condenaram as prisões de Rafael Braga (preso sob acusação de portar substâncias que poderiam ser usadas nos protestos; ele alega que carregava desinfetante), e Caio Rangel e Fábio Barbosa, presos pela morte do cinegrafista Santiago Andrade.
Durante o ato, a prisão dos três também foi classificada como “perseguição política”.
Dos ativistas que tiveram as ordens de prisão suspensas na sexta, pelo menos dois participaram do ato. Manifestantes disseram que Gabriel da Silva Marinho e Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, a “Moa” estavam na passeata – eles não foram localizados pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Ao som de canções historicamente ligadas ao combate à ditadura militar (1964-1985) e à campanha pelas Diretas Já, como “Pra não dizer que não falei das flores” e “Apesar de você”, os ativistas faziam coro contra as eleições, gritando “Não me leve a mal, eu tô cansado de campanha eleitoral” e “Eleição é farsa, não muda nada não, o povo organizado vai fazer revolução”.
A polícia também foi alvo de críticas. Vários manifestantes usavam máscaras do filósofo russo Mikhail Bakunin, que viveu no século 19. Citado por ativistas em conversas telefônicas gravadas, Bakunin teria sido “procurado” pela Polícia Civil. Dezenas de policiais acompanharam o ato e, até as 20h15 desta quarta, nenhum tumulto havia sido registrado.