A quinta edição dos Jogos Mundiais Militares, em 2011, é vista como o primeiro grande teste para o Rio de Janeiro, após o Pan-Americano de 2007, sobre a capacidade de organizar a Olimpíada de 2016 e jogos da Copa do Mundo de 2014, quando o Maracanã será o palco da final da Copa. Além do acompanhamento das obras – que ficarão de herança para os futuros eventos esportivos na capital fluminense -, o trabalho do Comitê de Planejamento Operacional dos jogos tem se concentrado na questão da segurança. A estratégia é tentar se antecipar aos problemas e evitar “surpresas” durante os nove dias de competições no maior evento esportivo militar que o País já recebeu.
O comitê lista ocorrências registradas há três anos e outras que durante o Pan pareciam remotas, mas que se tornam motivo de preocupação nos eventos de porte mundial. “Nós não queremos ser surpreendidos. Por isso tentamos nos antecipar aos problemas para, em caso de um incidente, sabermos exatamente como proceder”, afirma o coronel Luiz Márcio Paes Barreto, assessor do Planejamento Geral dos jogos militares, que participou ontem em São Paulo da Conferência Mundial de Segurança Pública.
A preocupação vai de possíveis ataques terroristas – considerado como “risco grande” pela organização – a intoxicações alimentares como, conforme Paes Barreto, ocorreu na última edição em Hyderabad, na Índia, em 2007.
Os Jogos Mundiais Militares irão reunir no Rio 6 mil participantes de 110 delegações. No Pan, foram 5.633 atletas de 42 delegações. Os esportistas militares ficarão alojados em três vilas: a Branca, em Campo Grande, que abrigará 2.358 deles; a Vila Azul, no Campo dos Afonsos, para 2.396 atletas; e a Verde, com capacidade para 2.436. Esta última, em Deodoro, na zona norte, receberá em 2016 os árbitros das modalidades olímpicas.
De acordo com o coronel, mesmo com todo planejamento e cuidado, é “impossível garantir 100% de segurança” no evento. “Temos sim que atuar na prevenção, principalmente nas áreas de maior risco, e reagir às ameaças para que eventuais ocorrências não voltem a acontecer”, disse.
A mesma opinião é compartilhada pelo consultor e assessor de Segurança da vice-presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor de Mesquita Pipolo. De acordo com ele, a doutrina da segurança é a prevenção, mas a organização tem de investir também na “reação imediata” às falhas. “O maior problema é detectar um possível problema. Se a gente atuar na prevenção, 90% do trabalho está feito”, afirmou ele, durante painel sobre integração da iniciativa privada com o sistema de segurança pública para grandes eventos.
O britânico Simon Gilbert, sócio da KPMG, consultoria que participa do planejamento de segurança da Olimpíada de Londres, em 2012, afirma que o Rio de Janeiro precisa ganhar a confiança dos espectadores de que eles terão segurança durante os jogos olímpicos e “viverão uma grande experiência” se vierem para o Brasil. “Parece óbvio, mas é o que realmente preocupa as pessoas. Elas querem ter a garantia de que a violência urbana no Rio de Janeiro esteja em um nível que indique que é seguro vir para o jogos”, diz.