Os policiais civis do estado do Rio de Janeiro iniciaram ontem greve que tem previsão para durar cinco dias. Os grevistas pretendem manter todas as delegacias funcionando, mas somente 30% do efetivo deve trabalhar para garantir o atendimento dos serviços considerados de emergência, como flagrantes e liberação de guias para remoção de cadáver.

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A categoria reivindica a incorporação de uma gratificação destinada a servidores da Secretaria de Segurança Pública do estado, que já é recebida por policiais militares, bombeiros e delegados da Polícia Civil. De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Fernando Bandeira, a gratificação pode significar um aumento de mais de 50% nos salários, dependendo da função. A gratificação foi criada no ano 2000, suspensa em 2001 para os policiais civis e recuperada depois somente pelos delegados da Polícia Civil. Os policiais também questionam o que seria uma discrepância salarial entre as polícias civil e militar. ?Hoje um inspetor da Polícia Civil, com nível superior e tarefas complexas, recebe o mesmo que um soldado da Polícia Militar?, diz Fernando Bandeira, presidente do sindicato dos policiais civis.

Além dos baixos salários, o movimento dos policiais também reclama que o efetivo de policiais civis do Rio de Janeiro, cerca de 10,5 mil inspetores, investigadores, oficiais de cartórios, médicos e peritos, é menor do que a metade dos 23,5 agentes que são previstos em lei para atuar na área.

Para Fernando Bandeira a população é a maior prejudicada com a situação, pois com a falta de investigadores, os inquéritos não são concluídos, muitos crimes prescrevem e a justiça não consegue responsabilizar os criminosos. ?O percentual de inquéritos que não são concluídos é cerca de 80% a 90%?, estimou Bandeira que considera a situação atual de impunidade, um estímulo à prática criminosa.

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As informações do presidente do sindicato vão ao encontro dos dados publicados pelo Anuário Estatístico de 2005 divulgado pela Justiça do estado do Rio de Janeiro. O documento aponta a ociosidade das varas criminais da capital que recebem, em média, apenas 12 processos por mês, frutos de investigação policial. Nas varas cíveis, por exemplo, a média de entrada de processos é de 84 por mês.

Na semana passada os policiais já haviam feito uma paralisação de 48 horas, quando realizaram uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo fluminense. Sem obter resposta do governo do estado, o sindicato resolveu intensificar o movimento.

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