Rio de Janeiro prevê redução de emissão de CO2 até 2016

Relatório apresentado nesta quinta-feira, 2, pela Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA) mostra que, se todas as promessas de investimento em ampliação de transporte de massa até 2016 forem cumpridas, o Estado vai reduzir, nos próximos três anos, suas emissões de CO2 (um dos principais gases de efeito-estufa) em 1,8 milhão de toneladas. O montante corresponde a quase metade (47%) da meta de diminuição de emissões de CO2 por meios de transporte no Estado do Rio até 2030. A redução será obtida por meio da migração de passageiros de carros e ônibus para meios de transporte de alta capacidade, como trens, metrô e barcas. Em 2016, o Rio sediará os Jogos Olímpicos.

O parâmetro foi estipulado pelo decreto 43.216, publicado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) em 30 de setembro de 2011. A norma prevê que, até 2030, as emissões de CO2 por meios de transporte sejam mitigadas em 30% frente a 2010, que foi de 12,7 milhões de toneladas. Ou seja, em 2030 o Estado do Rio deverá emitir menos 3,8 milhões de toneladas de CO2.

“Em havendo as expansões previstas até 2016 de trem, metrô, barcas e corredores exclusivos de ônibus (BRTs), o Estado do Rio vai atingir metade da meta de redução de emissões de CO2 até 2030. Isso é muito importante para a contribuição do Rio na redução das emissões que aumentam a ‘febre’ do planeta, isto é, sua temperatura. E também tem um ganho importante na redução da poluição do ar e sonora, que acabam com os pulmões e os tímpanos da população. Os maiores vilões da poluição das grandes cidades são carros, ônibus e caminhões, ou seja, os transportes sobre rodas”, declarou o secretário do Ambiente do Estado do Rio, Carlos Minc, que foi ministro da pasta no governo Lula.

De acordo com o estudo, elaborado pela Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pedido da SEA, até 2016 serão retirados de circulação 12 mil ônibus e 260 mil carros, caso os planos de reestruturação dos transportes de massa sejam concretizados.

Dados

As informações sobre os planejamentos de ampliação das redes de alta capacidade foram fornecidas pelas próprias concessionárias. A SuperVia, que administra os trens suburbanos, dará a maior contribuição para a redução de CO2: até 2016 serão emitidos menos 884 mil toneladas de CO2, caso a concessionária cumpra a promessa de ampliar em 590 mil a quantidade de passageiros transportados por dia. Com isso, calcula-se que serão retirados das ruas 39 mil carros e 7 mil ônibus.

Em segundo lugar na cota de contribuição para diminuição das emissões ficam os ônibus. Se todos os quatro projetos de corredores exclusivos para ônibus articulados (BRTs) saiam do papel até 2016, estima-se que deixarão de circular pela cidade 143 mil carros e 1.800 coletivos comuns. Isso vai mitigar em 504 mil toneladas as emissões de CO2 em relação a 2010.

Dos quatro BRTs prometidos pela Prefeitura do Rio, até agora foi inaugurado apenas o TransOeste (que liga Santa Cruz à Barra da Tijuca). O TransCarioca (que vai conectar a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, na zona norte) já está em construção. Por outro lado, as obras do TransBrasil (que vai ligar Deodoro, na zona oeste, ao Aeroporto Santos Dumont, no centro, pela Avenida Brasil) e o TransOlímpica (que vai fazer a conexão da Barra da Tijuca com Deodoro) ainda não foram iniciadas.

Trilho

Até 2016, a ampliação do metrô vai reduzir em 141 mil toneladas as emissões de CO2 frente a 2010. Calcula-se que saiam das ruas 88 mil carros e 2.800 ônibus. A construção da estação Uruguai na linha 1 está prevista para ser inaugurada em 2014. Já a construção da Linha 4 (que vai ligar a zona sul à Barra da Tijuca) ficará pronta apenas em 2016, segundo a concessionária Metrô Rio.

 

Por fim, a compra de três novas barcas para fazer o trajeto Rio-Niterói pela Baía de Guanabara vai reduzir em 33 mil toneladas de CO2 até 2016. Caso o investimento saia do papel, estima-se que 1.700 carros e 360 ônibus saiam de circulação, o que vai ajudar a diminuir os engarrafamentos diários na Ponte Rio-Niterói.

 

Análise

Professor de Engenharia de Transportes da UFRJ, ex-diretor do Metrô Rio e ex-secretário Executivo de Transportes do Estado do Rio, Fernando Mac Dowell considera difícil o cumprimento da meta de redução de emissão de CO2. “Ora, circulam hoje na cidade do Rio cerca de 9 mil ônibus, isto é, 3 mil a menos do que se planeja retirar das ruas até 2016. Para compensar a emissão de CO2 da frota atual seria necessário o plantio de árvores num terreno correspondente a 12% do território do município por ano, de acordo com a metodologia da Cetesb (agência ambiental paulista). Em cinco anos, seria preciso retirar prédios para plantar vegetação, o que é uma utopia. Em outras palavras: não há a menor chance de essa meta ser atingida”, sentenciou o professor.

Mac Dowell critica os projetos de expansão dos transportes de massa no Rio, sobretudo do metrô. “A Linha 2 do metrô foi projetada para encontrar com a Linha 1 no Estácio e na Carioca, e terminar na Praça 15. Mas isso nunca foi feito. A concessionária criou a tal Linha 1A, que nada mais é uma junção duas linhas numa só, o que reduziu violentamente a capacidade de transporte. Além disso, quem vem de Niterói de barca e desce na Praça 15 (centro do Rio), depende apenas de ônibus para se deslocar pelo Rio, já que o metrô não chegou até lá. Quem tem que fazer política de transporte é o Estado, e não as concessionárias”. Ainda na opinião do professor, as quatro linhas de BRT que a Prefeitura planeja construir deveriam ser sobre trilhos, e não com ônibus.

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