Um erro do piloto do Airbus A320 da TAM foi a principal causa do acidente do último dia 17 de julho no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que matou pelo menos 199 pessoas. A revelação é da edição desta semana da revista Veja, com base em informações já obtidas por meio da análise das caixas-pretas da aeronave e de posse comissão da Aeronáutica que investiga o acidente. A capa da revista traz o título "Revelações das caixas-pretas", com destaque para o erro do piloto e diz que não houve aquaplanagem na pista. Mas faz um adendo: "Mas se a pista de Congonhas fosse mais longa…"
Segundo a reportagem, uma das duas alavancas que regulam o funcionamento das turbinas, chamadas de manetes, estava fora de posição quando o avião tocou a pista principal de Congonhas. Esse erro fez com que as turbinas do Airbus funcionassem em sentidos opostos: enquanto a esquerda ajudava o avião a frear, a direita o fazia acelerar. Com isso, o avião, que pousou a cerca de 240 quilômetros por hora, não conseguiu parar. Nesta semana, o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, disse em entrevista coletiva que a aeronave da TAM chocou-se contra o edifício da mesma companhia, localizado do outro lado da avenida Washington Luiz, a 175 quilômetros por hora.
Ainda segundo a revista, as investigações revelam que, apesar da chuva, não houve aquaplanagem na pista nem falha no sistema de freios dos pneus. Outra constatação é que o próprio comandante Kleyber Lima pilotava o Airbus no momento do acidente, e não, como suspeitava a Aeronáutica, o co-piloto Henrique Stephanini Di Sacco.
A reportagem informa que, não fosse pelas características da pista de Congonhas, o acidente causado pelo erro humano poderia ter gerado conseqüências muito menores. O mesmo erro foi cometido por pilotos de ao menos outras duas aeronaves do mesmo modelo, o A320 da Airbus. Nos desastres ocorridos em março de 1998, nas Filipinas, e no acidente que houve em 2004, no aeroporto de Taipei, em Taiwan, concluiu-se que houve falhas na operação dos manetes. No caso do avião filipino, destaca a revista, houve apenas três mortes, e todas em solo, por atropelamento. Todos os 130 ocupantes da aeronave sobreviveram. No acidente de Taipei, não houve sequer feridos graves.