O convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma reunião com ministros, líderes e a direção do PMDB, na tarde desta quarta-feira (27), antes de o governo definir a nomeação de uma dezena de cargos pleiteados por peemedebistas, causou nervosismo e desconfiança na cúpula do partido. A insegurança com relação aos propósitos do Planalto é tamanha que um setor expressivo da direção do partido trabalha pelo adiamento ou para "melar" o encontro, com o argumento de que "uma reunião deste tamanho só se faz para tirar a fotografia, depois de tudo acertado, ou para implodir os acertos".

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Desde o início da manhã, é intensa a troca de telefonemas entre o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, o presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), os líderes peemedebistas e os ministros do partido, que também foram informados da convocação de Lula à última hora. "Isto gera tensão", queixou-se Temer a Múcio no final da manhã. Um dos convidados revelou ao Estado que Temer chegou a advertir o governo de que "improvisar" uma reunião como esta é no mínimo uma imprudência.

Este tipo de conversa, argumentam os peemedebistas, se faz individualmente, "ao pé do ouvido". Principalmente, porque há pendências a resolver, como as presidências da Eletrobrás e da Eletronorte, além da diretoria internacional da Petrobras. Os peemedebistas estranharam o adiamento, para a próxima segunda-feira, da reunião do conselho da Petrobras prevista para sexta-feira. A todos os peemedebistas que o procuraram esta manhã, José Múcio tentou explicar que a reunião será "muito boa e produtiva" e que a intenção do presidente é fazer um apelo por um maior engajamento do PMDB com os projetos do governo e também para que haja maior entrelaçamento e mais identificação entre os ministros do partido e as bancadas na Câmara e no Senado.

Nomeações

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O ministro disse ainda que a intenção do presidente Lula é agradecer o partido pelo apoio recebido até agora e também registrar que todos os compromissos teriam sido cumpridos. Para o partido,no entanto, falta o principal, que é efetivar as nomeações prometidas. E segundo um velho dirigente nacional, pedir apoio sem definir o espaço do PMDB pode ser um desastre, especialmente em tempos de CPI dos Cartões Corporativos.

"Isto não é uma reunião, é uma assembléia", reagiu o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) no meio da manhã, ao confessar a liderados que também estava "muito curioso" para saber qual é o objetivo do encontro. O que mais irritou o partido foi saber que os ministros da Saúde, José Gomes Temporão e da Defesa, Nelson Jobim, também estavam convocados para a reunião. "Isto é constrangedor", protestou um importante dirigente do PMDB. "Pelo jeito, vamos ter de levar fichas de filiação para os convidados do Planalto", emendou o parlamentar.

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