Rio de Janeiro – Responsável por 42% da frota nacional de carros movidos a gás natural, o estado do Rio de Janeiro tem a maior proporção de veículos do tipo no país. A restrição no fornecimento determinada pela Petrobras no último dia 30, no entanto, reduziu a demanda pela conversão de motores para o combustível.
Dono de uma rede de oficinas que faz a conversão para o gás natural veicular (GNV), o empresário carioca Jasson Ferreira afirmou que a procura caiu pela metade nos últimos dias. "Após a crise, nós tivemos a redução de 40% a 50% das conversões. E estamos aguardando mais uns dias para ver o reflexo real desse processo", declara.
Incentivados a aderir ao gás natural pela redução de até 65% nos custos para abastecer, além de receberem desconto de 75% no Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA), os motoristas do estado respondem por 23% dos carros do estado, segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. No estado de São Paulo, a proporção é de 4%.
Após a restrição por um dia no fornecimento do combustível, retomado no Rio de Janeiro por ordem da Justiça, os motoristas temem o risco de desabastecimento. Um dos taxistas que não puderam trabalhar durante o racionamento, Antônio Trajano tem receio de que problemas do passado se repitam. "Temo que falte gás, como já faltou álcool na década de 90?, afirma.
Com 40 anos de experiência, Trajano afirma que o incentivo ao uso de combustíveis alternativos pode resultar em dificuldades para os motoristas. ?O governo incentivou o carro álcool, em 1986 e depois começou a faltar o combustível. Começamos a colocar o gás e estamos vendo acontecer a mesma coisa", diz.
Muitos taxistas, no entanto, afirmam que voltar a rodar com gasolina seria inviável. "Aqui na praça, se você não tiver gás, vai ter de aumentar a bandeirada, e aí os passageiros vão sumir porque ficaria muito caro. Nós precisamos de gás para trabalhar", ressalta Carlos Augusto de Oliveira, 59 anos.