Ressurge polêmica da paridade dos salários

Com a discussão da reforma da Previdência, renasce a velha polêmica, a da paridade entre os vencimentos dos servidores da ativa e os benefícios dos aposentados. Hoje, os funcionários públicos aposentados têm direito aos reajustes concedidos aos da ativa. E isso será reavaliado na discussão da reforma. O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, já tem sua proposta: o fim da paridade, com o benefício dos aposentados sendo reajustado de acordo com a inflação.

Segundo o ministro, com o fim do repasse automático da variação salarial dos servidores da ativa para os benefícios dos inativos, abre-se a possibilidade da concessão de reajustes mais significativos para o funcionalismo público.

A paridade sempre foi um argumento usado pelo governo para justificar o congelamento do salário dos servidores. Nos últimos anos, um reajuste linear expressivo sempre foi rejeitado, por causa do impacto nos benefícios da previdência do setor público. O governo Fernando Henrique Cardoso driblou essa dificuldade concedendo aumentos diferenciados por categorias funcionais, como os concedidos para técnicos do Tesouro e auditores fiscais.

Mesmo frisando que suas propostas ainda serão objeto de discussão com a sociedade e o Congresso, Berzoini manifesta sua posição contrária à paridade.

– Isso tem que ser discutido. Eu pessoalmente acho que, em relação ao benefício, o direito que se estabelece é o direito àquele valor corrigido pelo impacto da inflação – afirma.

Segundo Berzoini, o fim desse reajuste automático, se adotado, atingiria todos os inativos. Não só os que se aposentarem depois da aprovação de uma emenda constitucional. Na interpretação do ministro, a paridade não é um direito adquirido.

– Na minha opinião, da lógica, acho que não é um direito adquirido. Mas, para isso, teria que consultar a assessoria jurídica – admitiu Berzoini.

O ministro, no entanto, parece não estar disposto a brigar pela cobrança de contribuição dos funcionários públicos aposentados. Ele admite que seria difícil vencer uma queda-de-braço na Justiça. Sem falar no desgaste político:

– Seria fazer um esforço político monumental para obter uma receita de R$ 1,5 bilhão -afirma.

Ele também vê a possibilidade de adoção de mecanismos que incentivem a permanência do trabalhador no serviço público, mesmo depois da idade mínima de aposentadoria. Mas, sem ignorar a delicadeza do tema, Berzoini insiste em repetir que a reforma da Previdência será amplamente discutida.

– Se eu ficar dando muita opinião, como posicionamento, parece que o debate é só uma simulação democrática -argumenta.

Mas o início da discussão da reforma da Previdência já produziu discórdia no Congresso e no movimento sindical.

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