Requião lamenta falta de reação à CPMF

Durante a segunda sessão de discussão da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga a vigência da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), nesta sexta-feira (31), o senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou que o tributo tem contribuído para o aprofundamento da recessão e lamentou que não exista no Brasil uma reação mais contundente à atual política econômica.

– Na Argentina existe protesto, existe povo na rua, mas no Brasil o que vemos é a passividade institucional. Há um desligamento total do Parlamento em relação aos interesses do povo, como se estivéssemos em uma gaiola dourada. Um antigo cronista dizia que toda unanimidade é burra. No Plenário do Senado não existe unanimidade, talvez submissão ? afirmou Requião.

O senador comparou a discussão da proposta de prorrogação da CPMF à aprovação, pelo Senado argentino, do fim da chamada Lei de Subversão Econômica, apontada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como uma ameaça aos investimentos estrangeiros.

Em Buenos Aires, observou, o fim da lei foi aprovado por maioria de apenas um voto (35 a 34). Enquanto isso, lamentou o senador, no Brasil se caminha para aprovar uma proposta que, a seu ver, retira dinheiro do comércio e da população para garantir o pagamento das dívidas interna e externa.

Requião criticou ainda os altos juros praticados no Brasil, que dificultam a retomada da atividade econômica, e os cortes de gastos promovidos pelo governo, responsáveis pela diminuição até mesmo das atividades das Forças Armadas. O senador lembrou que, na Argentina, parlamentares já não podem mais freqüentar restaurantes, por causa da reação da população.

– Enquanto isso, não vejo resistência no Senado ao assalto da CPMF. Será que precisamos esperar que parlamentares sejam expulsos de restaurantes também aqui? Que extraordinária falta de sensibilidade ? afirmou.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o governo manteve os seus gastos em publicidade, apesar de haver promovido cortes em vários outros setores. Francisco Escórcio (PMDB-MA) afirmou ser solidário com o pronunciamento de Requião e recordou que o Brasil tem o segundo maior número de desempregados do mundo. Por sua vez, o senador Luiz Otávio (PPB-PA), vice-líder do governo, observou que a cobrança da CPMF ajuda no combate à sonegação fiscal.

O debate ocorreu em sessão extraordinária do Senado, logo após sessão ordinária que deu início à discussão da matéria. Na pauta da sessão ordinária, constou também a discussão de propostas de emenda à Constituição que prevêem a cobrança de contribuição para iluminação pública e o limite de gastos das Câmaras Municipais, além de quatro projetos de lei de iniciativa da Comissão Mista de Segurança Pública.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo