Brasília (AE) – O senador Roberto Requião entrou com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impugnar o edital da convenção de hoje do partido, em Brasília.
A decisão foi tomada porque, ontem, a Executiva Nacional do PMDB decidiu que a proposta de lançamento da candidatura do senador à Presidência só será votada na convenção caso a indicação de coligação com o PSDB na campanha presidencial seja rejeitada pela maioria dos 493 convencionais. A intenção da cúpula da legenda é colocar em votação a proposta de coligação entre 9 horas e 17 horas e só depois discutir a possibilidade de candidatura de Requião.
Requião justificou a ação dizendo que a decisão da Executiva foi “absurda e violenta”. O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), negaram que a decisão da Executiva seja uma manobra para impedir que a proposta de lançamento do nome de Requião seja anulada. Uma vez aprovada a coligação e a deputada peemedebista Rita Camata (ES) como candidata a vice na chapa do presidenciável do PSDB, senador José Serra (SP), a proposta de indicação de Requião como candidato próprio do PMDB ficaria prejudicada.
A decisão do senador de entrar com a ação tomada durante reunião da qual participaram Requião, o deputado Paes de Andrade, e o secretário de governo de Minas Gerais, Alexandre Dupeyrat. Os dissidentes negam que o PMDB goiano tenha fechado um acordo para apoiar a candidatura do tucano José Serra. Segundo eles, os senadores Iris Resende e Maguito Vilela confirmaram que os peemedebistas goianos são favoráveis à candidatura única do partido.
Desafio
Paes de Andrade rechaçou as previsões feitas pela ala governista do PMDB de que os dissidentes seriam derrotados na convenção de hoje, por ampla maioria. Em reunião realizada ontem à noite, na residência do senador José Sarney, e que contou também com a participação do senador Pedro Simon (PMDB-RS), a conclusão foi de que a ala dissidente do partido sairá vitoriosa da convenção, com a candidatura de Requião à Presidência. “Eles (os governistas) estão tentando nos desqualificar. Ficam plantando notícias. Mas nós é que temos maioria”, disse Paes de Andrade.
O senador Roberto Requião negou com veemência a possibilidade de sair derrotado na convenção do partido, hoje. “Não sou suicida. Eu desafio é que o Serra (candidato do PSDB) participe da nossa convenção e exponha por que quer tanto a coligação com o PMDB”, afirmou o senador. Requião disse que não vai à reunião da Executiva do partido para definir se sua proposta de candidatura será submetida à votação, na convenção.
Governador mantém segredo
Belo Horizonte
(AE) – Mais uma vez, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), mobilizou a opinião pública, criando expectativa de que, finalmente, poderia anunciar o futuro político. Itamar divulgou uma nota lida pelo assessor especial do governo mineiro, o ex-embaixador José Aparecido de Oliveira, e frustrou os que aguardavam um anúncio sobre a posição em relação à sucessão estadual.A mensagem definitiva, de acordo com o deputado federal Hélio Costa (PMDB-MG), só deverá divulgada na próxima semana, depois de conhecidos os resultados das convenções estadual e nacional do partido. Uma das únicas certezas do texto lido hoje é de que o governador de Minas Gerais não participará mesmo da convenção partidária no Estado.
Itamar embarcou ontem para o Rio, mas, como não conseguiu desembarcar na capital fluminense em função do mau tempo, seguiu para Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais. Segundo Costa, não existe possibilidade de o governador participar de outra disputa, que não a reeleição.
“Não havendo como participar da disputa sem estar presente na convenção, Itamar está fora de uma candidatura, mas não fora do processo eleitoral”. A outra definição refere-se ao apoio que dará à candidatura do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente. Costa reiterou que este suporte não está condicionado à presença do senador José Alencar (PL-MG) como candidato a vice na chapa.
Álvaro polemiza com Aécio Neves
Brasília
(AE) – O presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), contestou o discurso em que o senador Álvaro Dias (PDT-PR) o acusou, ontem, de ter sido conivente com o arquivamento do processo de cassação do mandato do deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), denunciado por quebra de decoro parlamentar.Em nota divulgada por sua assessoria, Aécio diz: “Não reconheço a autoridade política e muito menos moral no senador Álvaro Dias para questionar os atos do presidente da Câmara dos Deputados, nem estou disponível a servir de instrumento para o exercício de uma das suas qualidades mais marcantes – o oportunismo, característica que, dentre outras coisas, fez com que ele fosse expelido do meu partido, o PSDB.”