Duas das quatro represas do sistema de produção de água Cantareira, o maior da região metropolitana de São Paulo, transbordaram ontem por causa do excesso de chuvas, o que não acontecia desde 1999. As inundações podem agora atingir 12 municípios, onde vivem 800 mil pessoas. As prefeituras estimam que pelos menos 6 mil moradores de comunidades ribeirinhas possam ser diretamente afetados pelos alagamentos.

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Além das oito cidades por onde se dividem as represas (Bragança Paulista, Caieiras, Franco da Rocha, Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem), também podem sofrer com o excesso de água Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Capivari e Itatiba. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), não há mais como controlar a vazão nas Represas Atibainha e Jaguari/Jacareí.

O excesso de água começou a extravasar pelos vertedouros. Assim, não há como prever o volume que será despejado nas áreas do entorno. “É como se não existisse a represa: se chove muito, passa muita água; se chove pouco, passa pouca”, explica Hélio Castro, superintendente de Produção de Água da Sabesp. “A gente não sabe qual será o impacto, porque não dá para prever quanto de água vai passar pelo vertedouro. Só podemos monitorar. O restante é com a Defesa Civil.”

A Sabesp enviou alerta ontem para os municípios. A fim de tentar reduzir a elevação do nível da Atibainha, que libera 18 mil litros de água por segundo, a empresa vem bombeando água para o Reservatório Paiva Castro, em Mairiporã.

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Força-tarefa

A prefeitura de Atibaia montou uma força-tarefa para proteger os moradores da cidade a 64 quilômetros de São Paulo de uma possível enchente de grandes proporções nas próximas horas. O plano de ação foi necessário após a Sabesp informar o prefeito José Bernardo Denig (PV), na noite de segunda-feira, que o volume do Reservatório Atibainha estava prestes a chegar ao compartimento de segurança, chamado tulipa, para extravasar o excesso de água.

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Durante toda a terça-feira, famílias instaladas em áreas inundadas pela água de cheias passadas, como a Vila São José, Jardim Kanimar e Parque das Nações, e em áreas secas foram informadas por equipes da prefeitura sobre a situação de risco à qual estão expostas e tiveram apoio da administração, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar para retirar objetos de suas residências, com caminhões ou botes, no caso de áreas já alagadas.

Segundo o chefe do Departamento de Defesa Civil de Atibaia, Maurício Benevides, a estratégia faz parte de um plano de contingência. “Dependendo do tamanho da emergência, o plano prevê a remoção da população desses locais”, disse Benevides. Ontem, muitas das famílias avisadas já deixaram suas casas e foram para residências de parentes ou amigos. A prefeitura não soube informar o número de moradores que deixaram suas casas.