Um ornamento de bronze – em formato de livro, representando a primeira Constituição brasileira, de 1824 – que ficava em cima do sarcófago onde estão os restos mortais do imperador d. Pedro I, no Ipiranga, zona sul de São Paulo, está desaparecido.

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O Estado apurou que o furto ocorreu na semana passada, mas só nesta quarta-feira, 15, a Secretaria Municipal da Cultura, que administra a cripta – chamada de Monumento à Independência, próximo ao Museu do Ipiranga – registrou boletim de ocorrência.

A peça foi instalada na cripta nos anos 1980, em referência ao fato de a primeira Constituição ter sido outorgada pelo imperador, em março de 1824.

“O furto deve ter ocorrido entre os dias 9 e 10 da semana passada”, acredita a historiadora e arqueóloga Valdirene Ambiel – que, como pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), faz visitas semanais à cripta.

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Há relatos de que teria faltado luz no último dia 10 – e talvez tenha sido esta a situação que propiciou o crime. “Infelizmente, o monumento está em total abandono. Este não é um fato isolado: a situação está péssima, com pichações e atos de vandalismo do lado externo”, relata a pesquisadora.

Recentemente, o número de seguranças do local (que é aberto ao público de terça a domingo) foi reduzido. “Antes, eram quatro que se revezavam entre a cripta e a Casa do Grito”, afirma Valdirene. Agora, são apenas dois vigilantes. Em nota, a Secretaria da Cultura afirmou que a diminuição se deve ao encerramento da exposição que funcionava ali – e consequente “redução da área de circulação de público”.

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Nova administração.

A secretaria disse que tem interesse em repassar a administração do Monumento à Independência ao governo federal. Em breve, deverá ser apresentada ao Ministério da Cultura “uma proposta de nacionalização”, elaborada em conjunto com os órgãos municipal, estadual e federal de proteção ao patrimônio – Conpresp, Condephaat e Iphan. “O reconhecimento do monumento, pela sua importância para a história nacional, é uma ação estratégica para a sua valorização e recuperação”, frisou a secretaria, em nota.

Obra do artista italiano Ettore Ximenes (1855-1926), o monumento foi inaugurado em 1922 para celebrar o primeiro centenário da emancipação política do Brasil. Ali estão os restos mortais da imperatriz Leopoldina – desde 1953 -, do imperador d. Pedro I – desde 1972 – e de Amélia, segunda mulher do imperador – desde 1984.

Em 2012, a historiadora e arqueóloga Valdirene Ambiel realizou, como mestrado pela USP, um inédito trabalho a partir da exumação dos restos mortais dessas três figuras históricas. O Estado publicou os resultados, com exclusividade (http://oesta.do/familiaimperial).

São três os gestores dos marcos históricos. O Museu Paulista (mais conhecido como Museu do Ipiranga), pertence à USP. O Parque da Independência é de responsabilidade da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. E o Monumento à Independência, que fica no interior do parque, é gerido pela Secretaria da Cultura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.