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Brasília – Em seu depoimento nesta terça-feira na CPI dos Correios, a mulher do publicitário Marcos Valério, Renilda de Souza, afirmou ter ouvido do marido que o deputado federal José Dirceu (PT-SP), então ministro da Casa Civil, sabia dos empréstimos tomados por Valério em nome do PT junto aos bancos Rural e BMG.
Segundo Renilda, Valério lhe contou que Dirceu participou de uma reunião com a direção do Banco Rural em Belo Horizonte para resolver o pagamento dos empréstimos. ?Fiquei preocupada e perguntei: como vai ser? Não temos bens para pagar. Ele disse que não poderia ter negado esse empréstimo e que tinha sido pedido pelo Delúbio Soares (então tesoureiro do PT). Valério me falou que não teria vantagem e preocupou-se só em não ter desvantagens, como perder as contas (publicitárias) que tinha no Banco do Brasil. O que acabou perdendo, não adiantou nada?, relatou Renilda.
Após a afirmação de Renilda na CPI, a assessoria do Banco Rural confirmou que houve o encontro com o então ministro José Dirceu. Foi, segundo o banco, um jantar oferecido pela instituição no Hotel Ouro Minas, para, segundo a nota, ?aproveitar a passagem? de Dirceu por Belo Horizonte. Segundo o Banco Rural, no entanto, o objetivo do encontro foi tratar com Dirceu da liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco e não discutir o pagamento de dívidas do PT.
Em outro momento do depoimento à CPI, Renilda de Souza negou que o marido tenha mandado queimar documentos de suas empresas.
A mulher do publicitário se descreveu como uma dona de casa, dedicada à vida doméstica, e reafirmou várias vezes nunca ter participado dos negócios das empresas DNA, SMP&B e Grafite, das quais é sócia. Ela explicou que Valério cuida das empresas, com uma procuração sua, e argumentou que é comum que esposas que se dedicam às tarefas do lar façam isso com os maridos.
?Eu optei, apesar da minha formação acadêmica (é pedagoga), por cuidar dos meus filhos (uma menina de 14 anos e um menino de 4) e entreguei procuração de confiança que dei ao meu marido. E faria de novo. Sou casada há 18 anos e conheço Marcos Valério há 25. Se não confiasse nele, não haveria justificativa de ser casada?, afirmou ela.
Depois, no entanto, Renilda disse que se arrepende de nunca ter procurado se informar melhor sobre esses negócios: ?Eu me sinto um pouco errada, alheia, até covarde de não ter me interessado pelas empresas. Mas foi uma opção minha, de extrema confiança no meu marido?. A mulher de Valério não soube explicar como foram movimentados R$ 4 milhões em um ano em sua conta no Bank Boston. Segundo Renilda, Marcos Valério não tem procuração para usar essa conta, mas ela mesma nunca fez pagamentos que expliquem uma movimentação dessa magnitude.
Renilda disse que só ouviu falar de mensalão pela imprensa e declarou que Valério só falou com ela sobre empréstimos. ?Ele nunca falou em mensalão, foi essa afirmação que ele me deu. Eu acredito que não seja mensalão, acredito nessa versão que seja alguma conta de partido?, disse Renilda. Em depoimento na CPI dos Correios, a mulher do empresário Marcos Valério, Renilda de Souza, disse que não acredita que o marido seja um operador de fundos para campanhas eleitorais.