A renda da população do Nordeste, região mais carente do Brasil, cresceu nos últimos anos impulsionada pelo fortalecimento da economia nacional e pelos programas de transferência de recursos, como o Bolsa-Família. O dado negativo é que isso não refletiu em melhora na qualidade de vida das pessoas que apenas sobrevivem nesses Estados em contribuiu para um desenvolvimento local sustentável. Os dados são de uma pesquisa inédita feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Projetos.
O estudo apresenta amplo diagnóstico das mazelas e conquistas socioeconômicas dos nove Estados nordestinos, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, entre os anos de 2001 e 2007. O levantamento traça um retrato detalhado do atraso da região Nordeste com base em 36 microindicadores oficiais agrupados em oito temas: saneamento básico, qualidade de moradia, educação, segurança pública, renda, emprego, desigualdade e pobreza.
O resultado serve de alerta e também como guia para autoridades públicas locais. O estudo concluído em junho atribui a falta de reflexos do aumento da renda nos indicadores sociais diretamente à escolha de políticas públicas equivocadas por parte dos governos. Serviços essenciais a que todos deveriam ter acesso como saúde de qualidade, educação universal, moradia adequada e segurança apresentaram crescimento bem abaixo da média do aumento de renda.
“O modelo de pensar o desenvolvimento do Nordeste não trouxe impacto sobre a qualidade de vida e os indicadores de desenvolvimento socioeconômicos da população”, afirma o coordenador do estudo, o economista da FGV Fernando Blumenschein. Das nove unidades da Federação que formam o Nordeste, sete estavam em 2007 na faixa de classificação de Estado com baixo grau de desenvolvimento – somente Sergipe e Rio Grande do Norte estavam no grupo de médio desenvolvimento.
Moradia de qualidade é o principal gargalo da região onde vivem 40 milhões de pessoas. Ela aparece como política de pior performance no período estudado em seis dos nove Estados (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe). As políticas públicas de educação foram a segunda que apresentaram pior performance no Nordeste, aparecendo como pior item de desenvolvimento em cinco dos nove Estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão e Sergipe).