Renan se diz “traído” por aliados no Conselho de Ética

Depois da derrota sofrida no Conselho de Ética do Senado, na noite da última quarta-feira (20), o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) reuniu assessores e parlamentares mais próximos para avaliar sua situação política. Segundo alguns dos participantes do encontro, Calheiros concluiu que sua situação se tornou "preocupante" e que foi "traído" por aliados. O Conselho decidiu adiar a votação do parecer do ex-relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA), favorável ao arquivamento do processo contra Renan por suspeita de usar dinheiro do lobista da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo para pagamento de despesas pessoais.

A avaliação, no encontro com Renan, foi a de que o governo e a base aliada perderam o comando do Conselho de Ética e que a oposição assumiu o controle do colegiado. Calheiros, segundo participantes, afirmou que, pior que isso, foi "traído" não só por companheiros da base aliada, com os quais contava para ser absolvido no Conselho, como também por correligionários peemedebistas.

Ao final da reunião, a contabilidade dos assessores foi a de que no PT, restou a Calheiros apenas o apoio da senadora Ideli Salvatti (SC), que, por ser membro suplente, não vota. Do mesmo modo, no PMDB, o senador foi surpreendido com o que considerou uma "traição" do senador Walter Pereira (MS), que causou grande estrago, na avaliação do grupo, ao apresentar voto em separado defendendo o adiamento da votação do parecer de Cafeteira – endossado pelo novo relator, senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que renunciou à função -, quando a estratégia do grupo de Calheiros era a de votar o relatório. Calheiros considera que Walter Pereira foi quem desencadeou as baixas nos demais partidos.

Estratégia Errada

Ainda na avaliação do grupo, Calheiros adotou estratégia errada desde o início, quando, no dia 4 deste mês, apresentou sua defesa no plenário do Senado sentado na cadeira de presidente da Casa. O maior erro, no entender dos aliados mais próximos, foi ter iniciado, naquele dia, a apresentação de documentos para tentar comprovar que possui recursos próprios para pagar pensão a mãe de uma filha sua e que não usou dinheiro do lobista.

Foi a partir deste momento, segundo a avaliação, que o próprio Calheiros teria tirado o foco da acusação envolvendo a empreiteira, concentrando-o nos documentos de sua contabilidade como produtor agropecuário.

Segundo um dos participantes da reunião de ontem à noite, a grande "armadilha" para Renan foi justamente a contabilidade que ele usou na defesa, referente a negócios pessoais seus, em que as contas apresentadas não só não convenceram os senadores como levantaram novas suspeitas. Os participantes do encontro concluíram ainda que o advogado do senador, Eduardo Ferrão, não foi eficiente nas intervenções em defesa dele no Conselho de Ética.

Calheiros, por fim, considera que há saída para sua situação e que o caminho no Conselho de Ética não está esgotado, embora a dificuldade seja grande, o que ficou claro ontem, quando se ofereceu para comparecer hoje perante o Conselho e apresentar novos esclarecimentos. Mas não conseguiu o apoio dos senadores para essa oferta, pois prevaleceu a tese do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) de que é preciso aguardar novas perícias e a escolha de um novo relator.

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