O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou temer a obstrução que a oposição decidiu fazer enquanto ele não deixar o cargo por causa dos processos a que responde. "Não temo absolutamente por nada. Só temo a Deus. E vou fazer tudo para provar minha inocência." Sobre possível insatisfação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa de atrasos nas votações em razão dos processos, Calheiros informou que recebeu ontem à noite um telefonema do presidente: "Vocês sabem que com o presidente Lula, mais do que uma relação político-partidária, eu tenho uma relação pessoal, ele é meu amigo."
Sobre a possibilidade de Lula cobrar dos senadores a realização das votações de projetos importantes, Calheiros disse: "Ele (Lula) não iria cobrar nada do Senado. Ele chefia um Poder. Eu chefio outro." Ontem, Lula disse em Tegucigalpa (Honduras) que, se houver atraso no Senado nas votações de projetos de interesse do País, conversará sobre o assunto com os líderes da Casa e dos partidos políticos. Lula, ainda se referindo à possibilidade de atrasos causados pela demora na solução do caso Renan, afirmou: "Nenhum caso individual pode atrapalhar as votações de coisas de interesse do nosso País."
Ele negou ainda estar fazendo ameaças aos senadores, como na discussão de ontem com o senador José Agripino Maia (DEM-RN), a quem disse que "com os negócios que tem, com as concessões que tem, com os financiamentos bancários e estatais que tem, talvez não agüentasse duas semanas de acusação". "Muito pelo contrário. As pessoas perguntam onde é que eu vou buscar tanta força. E eu tenho dito que a minha força é do tamanho da minha inocência. Tenho me submetido a uma devassa. Outras pessoas submetidas à devassa em que estou metido não agüentariam nem dois dias.