Salvador – O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que não aceitará as pressões do governo federal, no sentido de controlar a presidência e a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, e vai cumprir o regimento da Casa. "O que guia o Congresso Nacional é a ocupação dos espaços políticos, inclusive das CPIs, com a proporcionalidade partidária", explicou.
Calheiros entende que uma CPI é uma oportunidade para dar respostas às "perguntas que o País faz com relação às denúncias de corrupção, mas o governo precisa demonstrar que não é a única". Ele preferiu não comentar as manobras do Planalto para a retirada de assinaturas que pedia a criação da CPI mista dos Correios, alegando que "a retirada e inclusão de assinaturas é uma coisa democrática, regimental, sempre aconteceu, o que gostaria de repetir é o que a sociedade quer do Congresso: colaboração, sobretudo nas respostas sobre as denúncias de corrupção".
O senador disse que manterá total independência e a isenção que o cargo de presidente do Congresso impõe para conduzir o conflito de interesses que gira em torno da CPI. Ele avisou que dará um prazo "óbvio, de bom senso", para os líderes partidários indicarem os integrantes da comissão, mas se isso não ocorrer (por exemplo, em uma semana) "vou indicá-los", assinalou, assumindo uma postura oposta à do ex-presidente do Congresso José Sarney (PMDB-AP), que não indicou os integrantes da CPI dos Bingos (que investigaria a atuação do ex-assessor Waldomiro Diniz).