Foto: José Cruz/Agência Brasil |
Renan Calheiros: recuo no desejo de não investigar. |
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) admitiu que poderá instalar CPI para investigar a Operação Sanguessuga, se essa for a decisão dos líderes, com quem pretende se reunir ainda esta semana. ?Não podemos nos afastar da responsabilidade com o País. Mandei conferir as assinaturas do requerimento (de instalação da comissão) e vou reunir os líderes partidários. Se eles entenderem que é o caso de investigar vamos instalar a comissão?, afirmou Calheiros.
Na quinta-feira passada, lideranças do PV, PPS e PSOL protocolaram na Secretaria Geral do Senado um novo pedido de abertura de uma CPI mista para investigar a possível participação de deputados e senadores na compra superfaturada de ambulâncias por meio de emendas ao Orçamento. A prática foi descoberta na Operação Sanguessuga, deflagrada pela Polícia Federal. O requerimento tem assinatura de 230 deputados federais e 30 senadores. Pelo regimento do Congresso, o mínimo de assinaturas necessárias para conseguir uma CPI é de 171 deputados e 27 senadores.
A Operação Sanguessuga foi desencadeada no início de maio por investigações feitas pelo Ministério Público Federal no Mato Grosso. De acordo com informações da Procuradoria e da Polícia Federal, havia uma organização com base em Cuiabá que desde 2001 participava de esquemas para fraudar compras de ambulâncias. O esquema desviava dinheiro público por meio da venda de ambulâncias superfaturadas para municípios. As prefeituras usavam recursos de emendas parlamentares ao Orçamento-Geral da União. Tudo indica que o pivô do desvio era a empresa Planam, de Mato Grosso.
As ambulâncias custavam R$ 40 mil nas concessionárias e eram negociadas a até R$ 80 mil. Os parlamentares teriam integrado o esquema de subscrição de emendas para ambulâncias em troca de propina. A fraude, que desviou R$ 110 milhões do Orçamento da União, envolvia pelo menos 81 pessoas, incluindo 15 parlamentares, 11 ex-parlamentares, empresários e servidores -todas denunciadas pelo Ministério Público e 40 delas já presas.
Segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito contra 15 parlamentares envolvidos. A autorização foi dada pelo ministro Gilmar Mendes, que deferiu pedido do Ministério Público Federal (MPF) para continuar as investigações. Porém, em seu depoimento, ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha afirmou que o escândalo pode envolver pelo menos 170 parlamentares. Os acusados vão responder a processos por crimes de formação de quadrilha, crime organizado, lavagem de dinheiro, corrupção, falsidade ideológica, entre outros.