O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que os ministros do PMDB deixarão os cargos que ocupam no governo logo após o partido escolher o candidato próprio a presidente da República. Renan, no entanto, fez um apelo para que o partido mantenha o apoio à governabilidade dentro do Congresso. "Eu não acho compatível que os ministros fiquem nos cargos com o PMDB tendo um candidato à presidência da República", disse o presidente do Senado.
Brasília – Renan aproveitou para fazer críticas aos dois pré-candidatos do partido, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Segundo ele, ambos não conseguem unificar as diversas correntes políticas do partido. "O Garotinho e o Rigotto são bons candidatos, mas eles não trabalham pela unidade do partido. Precisamos de um outro candidato."
Renan encontrou-se com o colega da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a pauta da convocação extraordinária. Lula teria pedido prioridade para os projetos da Super-Receita, Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico (Fundeb) e para o Orçamento de 2006.
Se o presidente do Senado não acha Rigotto um bom nome para disputar a presidência da República, o mesmo não pode ser dito do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que ontem declarou o apoio à pré-candidatura do governador do Rio Grande do Sul. Vasconcelos e Rigotto almoçaram no Restaurante Piantella, em Brasília, e, depois da conversa, o governador pernambucano se disse convicto de que o governador gaúcho vencerá as prévias do partido para escolha do candidato próprio a presidente.
Rigotto disputa a indicação com o secretário de Governo e Coordenação do Estado do Rio, Anthony Garotinho. A prévia está marcada para 5 de março, mas como esta data cai no domingo depois do carnaval, a disputa deverá ser adiada para o dia 19. Ao mesmo tempo em que Vasconcelos e o governador do Rio Grande do Sul conversavam no restaurante, Renan Calheiros almoçava com Lula na Residência Oficial do Torto.
Sobre o encontro, Rigotto ironizou: "Eu espero que Renan tenha repetido ao presidente Lula aquilo que já vem dizendo, publicamente: que a candidatura própria do PMDB à Presidência é irreversível", afirmou. O governador de Pernambuco admitiu que há três correntes dentro da legenda: a que trabalha pela candidatura própria, a ala governista, que gostaria de se compor com Lula e o grupo que preferiria se aliar ao PSDB.
Vasconcelos, no entanto, considera que tanto os que preferem os petistas como os que querem juntar-se aos tucanos não terão sucesso na tentativa dessas alianças. Ele é identificado com o grupo dos tucanos, mas adverte: "Mesmo que eu me dispusesse a trabalhar numa aliança com o PSDB, que não é o caso, eu não levaria o partido. Quem imagina que pode levar o PMDB para uma composição com os tucanos vai malhar em ferro frio". "A tese da candidatura própria, hoje, é fortíssima e está muito enraizada no partido", disse.
Enquanto isso, o ex-governador Anthony Garotinho afirmou que vai deixar a Secretaria de Governo do Rio de Janeiro no final do mês para se dedicar exclusivamente à campanha para as prévias do PMDB. Garotinho quer passar fevereiro percorrendo os estados para conseguir o apoio da maior parte das 20 mil pessoas com direito a voto no partido para sua pré-candidatura. Garotinho é supersecretário desde dezembro de 2004, após sair da Segurança Pública.
