O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmou ontem em Brasília que a bancada do seu partido vai antecipar para amanhã a reunião que definirá o candidato da legenda à presidência do Senado. De acordo com ele, o objetivo do encontro seria reduzir a exposição da bancada ao assédio com cargos de segundo e terceiro escalões do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem sinalizado que prefere o senador José Sarney (PMDB-AP) a Calheiros.
Líder da bancada do partido, Calheiros afirmou que a demora na escolha do candidato pode prejudicar o PMDB na disputa pelo comando do Senado. “O PT já indicou o candidato há mais de 30 dias. O jogo começou faz tempo. O PMDB estava perdendo espaço, porque o João Paulo está percorrendo o País pela sua candidatura”, afirmou.
Paranaenses apóiam João Paulo
Fabiane Prohmann
A bancada do Paraná deu uma manifestação de unidade no jantar oferecido por setores do PMDB, na noite de segunda-feira, em apoio à candidatura do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) à presidência da Câmara Federal. Compareceram os deputados Gustavo Fruet, José Borba, Max Rosenmann e Hermes Parcianello, enquanto os deputados Osmar Serraglio e Moacir Micheletto telefonaram confirmando apoio e justificando a ausência. “A bancada fechou com o governador Requião em favor do acordo com o PT”, informou Gustavo Fruet, presidente do diretório estadual do PMDB.
Já se posicionaram em favor da candidatura de João Paulo 59 dos 74 integrantes da bancada peemedebista. Compareceram 43 deputados do partido, inclusive o líder da bancada, deputado Geddel Vieira Lima (BA), e outros dezesseis telefonaram justificando a ausência. Do lado petista estiveram presentes o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o presidente nacional do partido, José Genoíno, além do deputado homenageado.
Genoíno afirma que Lula terá maioria
O presidente do PT, deputado José Genoíno (SP), afirmou que o governo federal já conta com maioria parlamentar, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. “Essa maioria absoluta é fundamental para a governabilidade, e isso está garantido”, destacou. Na Câmara, essa maioria foi conseguida com os 233 parlamentares que integram a base governista, mais os apoios e as conversas que o PT vem tendo com outros partidos, como PFL, PSDB, PMDB e PPB.Genoíno recusou-se a comentar a decisão do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), de antecipar para amanhã a reunião da bancada que vai decidir o nome a ser indicado para a presidência da Casa. “Eu não vou opinar sobre uma decisão e um cronograma do PMDB. É assunto interno do partido, e não podemos opinar, na medida em que vamos continuar buscando um acordo congressual”, disse Genoíno.
PFL fecha com candidato do governo
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), afirmou, em entrevista coletiva ontem, que o PFL vai dar total apoio à candidatura do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) à presidência da Câmara, respeitando a regra que prevê que a maior bancada indica o presidente da Casa, o que, segundo ele, é importante para o equilíbrio institucional.O líder do PFL disse também que já está discutindo com o PT a distribuição conforme o critério de proporcionalidade dos cargos da Mesa. De acordo com Inocêncio, ao PFL caberia ocupar a primeira vice-presidência, ou a primeira e a quarta secretarias, além de mais três comissões permanentes.
Inocêncio Oliveira afirmou ainda que está descartada a possibilidade da formação de um bloco de oposição com o PSDB, apesar de a liderança do PFL ter assinaturas de apoio de mais da metade de seus deputados eleitos, o que possibilitaria a formalização do bloco.
Rigotto lança nome de Pedro Simon
O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), lançou ontem à tarde a candidatura do senador Pedro Simon (PMDB-RS) à presidência do Senado, como uma “terceira via” para apaziguar a crise interna aberta pela disputa entre os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), que almejam o cargo. “Por que não surgir um terceiro nome neste processo, que possa ser um candidato acima da disputa interna?”, questionou Rigotto, por telefone.Para o governador, a “briga” entre Sarney e Calheiros “deteriorou” e Simon poderia ser uma “alternativa nova” que agrade às duas alas do partido. “Ele (Simon) é uma boa alternativa para o Senado e para o partido. Se a bancada aceitar analisar um terceiro nome”, afirmou Rigotto.
Na defesa do senador do Estado, Rigotto disse que Simon também seria um bom nome para liderar a bancada do PMDB no Senado, caso a candidatura à presidência não vingue.